
Numa altura de aparente crescimento económico, em que amaioria das empresas começa a relaxar do stress pós crise, existe uma tendênciapara os gestores saírem do modo de sobrevivência dos últimos anos e começarem epensar no médio/longo prazo.
Quando pensamos numa estratégia empresarial para os próximosanos e pretendemos analisar o nosso sector de actividade, convém começar porrefrescar os conhecimentos sobre o estado da arte das melhores práticas a nívelnacional e internacional, nomeadamente qual o posicionamento dos nossosconcorrentes mais directos no mercado.
São vários os estudos existentes sobre o desempenho emmercados competitivos, nomeadamente ao nível da microeconomia, que inclusivevaleram alguns prémios Nobel nos últimos anos.
Num estudo recente realizado por Palácios-Huerta, queapresentou um paper com o título Cognitive Performance in Competitive Environments: Evidence from a Natural Experiment, os autores utilizam o xadrez como exemplo para testar o impactopsicológico do desempenho cognitivo em situações competitivas.
O estudo consistiu em analisar osresultados dos jogos de xadrez registados numa das maiores bases de dados dejogos de xadrez a nível internacional (Chessbase) e tentar perceber se a cordas peças influenciava o resultado.
Sabemos que no xadrez são sempreas brancas que fazem o primeiro movimento, conferindo ao jogador uma vantagemestratégica face ao adversário. Isto significa que o jogador que realiza aprimeira jogada tem uma maior probabilidade de liderar o jogo, sendo que o jogadorque joga com as pretas estará sempre a reagir às jogadas do primeiro.
Sendo os jogadores conscientesdesta assimetria (brancas lideram, pretas seguem), a questão que se coloca é deque forma esse conhecimento pode gerar diferenças emocionais que venham ainfluenciar o processo cognitivo de cada jogador.
Estatisticamente falando, aprobabilidade de ganhar o jogo é 50-50, assumindo que são jogadores do mesmonível. No entanto, os autores referem que o efeito psicológico de começar comas brancas faz com que o resultado seja 57,4-42,6, isto é, começar com asbrancas aumenta substancialmente a probabilidade de ganhar o jogo.
Com frequência observamos no mundoempresarial uma série de empresas que optam por ser seguidoras, sendo umadecisão estratégica legítima.
Porém, as empresas que procuramuma estratégia focada na inovação (disruptiva ou incremental), terão maioresprobabilidades de se afirmar num mercado competitivo, liderando o seu sector deactividade ou criando novos nichos de mercado.
A grande diferença é que num jogode xadrez existe um sorteio para decidir quem joga com as brancas e quem jogacom as pretas, enquanto no mundo empresarial é uma decisão estratégica escolhera cor das peças com que se joga.Aplicando de formarudimentar a teoria de Palácios-Huerta ao mundo empresarial, a forma como osdecisores encaram o posicionamento estratégico das suas empresas poderá ditar osucesso das estratégias definidas, uma vez que acreditam no princípioprimordial do first mover advantage, o que lhes confere um reforçoemocional positivo que pode ser capitalizado pelas empresas sempre que sejapartilhado pelos colaboradores.
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