Agora deve estar a pensar, desta vez, passou-se!
De facto assim poderá parecer.
Mas afinal o que é que as “dores” têm a ver com as vendas?
Trata-se de uma técnica que permite determinar onde é que estão as “dores” do nosso cliente e utilizá-las no nosso favor.
Por dores entenda-se todos os problemas, dificuldades ou necessidades que o cliente tem e que nós como “médicos” podemos solucionar.
Para vendermos existem duas abordagens específicas:
- Solucionar uma necessidade existente
- Criá-la
Vamos neste artigo analisar a primeira opção.
No caso de estarmos a trabalhar necessidades ou problemas que o cliente tem, podem colocar-se duas situações.
O cliente tem o problema ou a necessidade identificada, ou não tem sequer conhecimento que tem um problema (o que acontece frequentemente).
Pode também dar-se o caso de o cliente ter um problema, mas não estar ciente que já existe no mercado um produto ou um serviço que o soluciona.
É precisamente aqui que entram os nossos “skills” de “médico”.
Se abordarem o cliente e lhe perguntarem:
“Sr. Cliente, cá na Vossa empresa tem o problema X?”
Acham que Vos vai dizer?
Muitas das vezes não vai sequer admitir que tem um problema.
E é precisamente aqui que a técnica de aumentar a “dor” dos Vossos clientes entra em ação.
Esta técnica baseia-se num conjunto de quatro passos que nos permitem validar se o cliente sofre daquele problema, identificar o problema, caracterizar em termos de custos e consequentemente apresentar uma solução ao cliente.
Para tal, devemos centrar-nos em primeiro lugar em criar perguntas de situação.
Ou seja, aquelas perguntas, perfeitamente inocentes, que me podem indicar se este cliente provavelmente poderá sofrer de um determinado problema que os meus produtos ou serviços solucionam.
Por exemplo, vamos imaginar que o nosso serviço XPTO consegue em média uma poupança de 80% nos custos dos desperdícios de produção.
Este serviço é utilizado sempre que os clientes possuem mais do que 22.000 peças de produção mês de um determinado produto e utilizam os equipamentos de produção YZW.
Ora para ver se o cliente poderia ser um potencial “doente”, o que eu teria de fazer seria colocar-lhe uma questão que permitisse identificar as duas condições anteriores.
Por exemplo:
“Nós: Sr. Cliente, em termos de produção, quantas peças é que produzem por mês?”
“Paciente: Cerca de 25.000”
“Nós: E diga-me uma coisa, senhor cliente utilizam os equipamentos YZW como me pareceu ver na Vossa linha de produção, não é?”
“Paciente: Sim, de facto foram adquiridas o ano passado.”
Agora que o cliente nos indicou que de facto pode ser um potencial “doente”, vamos ter de passar à 2ª fase.
Validar se de facto ele tem desperdícios no sistema de produção.
Isso poderia ser feito da seguinte forma:
“Nós: Sr. Cliente, temos alguns clientes com estes equipamentos, são de facto bastante fiáveis. No entanto, por vezes têm um desperdício no processo produtivo um pouco superior à média. Convosco isto também se verifica?”
“Doente: Sim de facto.”
Agora que o cliente nos confirmou que de facto sofre daquela “dor”, passamos a tentar quantificar em termos de custos a “doença”.
Por exemplo:
“Nós: Sr. Cliente, e mais ou menos quanto é que são as percentagens de desperdício que atingem?”
“Paciente: Bem em média, dado que isto varia consoante o tipo de produto, chega aos 30%.”
Temos agora na mão a “doença” do cliente e as suas implicações.
Neste caso, trata-se de uma percentagem afeta os sistemas de produção, mas poderiam ser outros fatores, tais como horas/homem, custos financeiros, enfim tudo aquilo que possa ser repercutido em custos da operação.
Ao termos os custos (30%) embora não quantificáveis, estamos agora preparados para apresentar uma proposta.
No entanto, é prudente fazer mais um passo de validação para podermos “elevar” ainda mais a “dor” do nosso doente.
Assim sendo devemos validar com ele, se faria sentido apresentar uma proposta.
Isto pode ser feito da seguinte forma:
“Nós: Sr. Cliente, falou-me que os desperdícios chegavam aos 30%. Se nós lhe conseguíssemos arranjar uma solução que permitisse baixar o desperdício da Vossa linha de produção em 80%, isso seria interessante para Vós?”
“Cliente: Sim de facto parece interessante, mas como é que fazem isso?”
A partir daqui estamos no terreno de apresentação do nosso produto ou serviço e correspondente proposta.
Ao apresentarmos uma proposta, já temos da parte do cliente a sua ligação a uma “dor” específica que face ao custo que tem, terá de ser resolvida.
Desta forma, a nossa proposta acaba por ser justificada em termos do retorno que o cliente vai obter.
Da próxima vez que tiverem uma reunião pensem nisto.
Preparem este processo e vão ver como as Vossas hipóteses de sair da reunião com uma proposta para realizar serão muito maiores.
Also published on Medium.
Ajude-nos a melhorar! Deixe-nos por favor o seu contributo para o tema.