Li há uns dias uma frase da qual não sei o autor, mas que me impactou de alguma forma: “uma equipa não é um grupo de pessoas que trabalham juntas, mas sim um grupo de pessoas que confiam umas nas outras”.
Muitos poderão pensar ser basicamente a mesma coisa, mas não é de todo, e é um conceito que tenho visto com alguma regularidade. Diz-se inclusivamente que temos de ter as pessoas certas no “autocarro”, e quando as temos, temos uma equipa. Mas de facto, se olharmos para um autocarro, só temos as pessoas certas dentro se estas estiverem a dirigir-se para o mesmo destino.
Quando as metas e o foco de todos estão no mesmo local, então poderemos dizer que a equipa está completa, mas mesmo assim poderemos ter algumas surpresas e não estarmos todos a funcionar para o mesmo.
Grupo de Pessoas ou Equipas
Um dos livros sobre equipas e liderança de que mais gostei foi o “5 desafios de uma equipa”, onde basicamente se contava uma história de como uma equipa tinha de ultrapassar várias fases para poderem passar de um grupo de pessoas que trabalha em conjunto para uma verdadeira equipa.
E nesse livro abordam como a base fundamental para um bom trabalho de equipa é a confiança entre os vários elementos. É necessário perder o medo de se expor e passar a confiar um pouco mais nas capacidades e experiências dos outros. Quando vemos algo que corre mal, imediatamente tentamos tirar conclusões, sem, no entanto, esclarecer o que se passou.
É importante reunir a equipa e de forma desapaixonada e racional analisar acontecimentos e decisões. Conquistar a confiança é um processo moroso, e perdê-la pode ser quase de imediato! Os elementos das equipas devem realizar ações em que fiquem um pouco mais expostos e onde possam ser analisados os resultados, mais do que o seu modo de atuação. Somos maus juízes em causa própria, e começando por pequenos passos, não guardando rancor, os elementos das equipas podem aprender a confiar mais uns nos outros
Outro passo importante é perder o Medo do Conflito. A palavra conflito tem um peso muito negativo, e muitos elementos das equipas optam por não dar feedback com receio de o receber. Outros, por medo do impacto de certos comentários, optam por não comentar e não apontar questões que melhorariam o trabalho de todos.
Isso faz com que muitas vezes se desperdice tempo e energia em reuniões aborrecidas, sem que possa ser aproveitado o que de melhor tem cada um. Se acha que discutir abertamente as ideias pode gerar confusão na sua equipa, pode pedir para que cada um pense em pontos de melhoria para o futuro. E o feedback deve ser entendido como uma oferta, algo que damos e que esperamos receber, pois, é o que nos ajuda a crescer.
Quando na equipa temos as decisões pensadas e ventiladas, sem o compromisso perante as decisões tomadas e um plano de ação claro, até os membros mais empenhados hesitam em progredir e crescer. Se estamos dispostos a pedir compromissos, também temos de nos disponibilizar para os fazer. Avançar com compromissos permite poupar tempo, envolver todos na tomada de decisão e na obtenção de resultados.
Muitas vezes, o receio de compromissos tem como base o medo da responsabilidade, de tomar a dianteira e de em alguma fase do processo poder dizer que não sabia o que me competia. Existem elementos da equipa que nem sempre querem assumir responsabilidades, pela exigência, pelo receio das barreiras que vão encontrar ou porque é simplesmente mais cómodo ficar como estão. Para que isso não aconteça, é importante criar uma cultura em que não haja medo de falhar, em que as tarefas de cada um sejam respeitadas, mas todos por igual sejam desafiados a contribuir com outras tarefas.
O foco e o brio profissional têm ainda a ver com o cumprimento de prazos e de metas estipuladas, sem desculpas e com o empenho e responsabilização de todos.
Por essa razão, deixámos para o final a falta de orientação para os resultados.A falta de motivação, compromisso e alinhamento dão lugar a um ambiente em que os objetivos pessoais prevalecem sobre os objetivos de equipa, criando o tal conceito das pessoas certas dentro do autocarro, mas que não vão para o mesmo local.
Sem o contributo de toda a equipa, dificilmente se chega a um resultado que seja bom para a empresa e para cada um dos colaboradores. Em termos de motivação, está provado que quanto mais alinhados os objetivos pessoais e os profissionais estão, mais focados e motivados estão os elementos das equipas. Como líderes, temos de fazer com que essa seja uma realidade constante e que envolva todas as pessoas no autocarro a contribuírem para uma viagem para o mesmo destino. E esse mesmo destino foi conquistado porque cada um procurou agir com confiança, de forma responsável e sem receio de se expor ou de ser criticado de forma construtiva. Porque todos perceberam que, trabalhando em conjunto, o todo é sempre menos que a soma das suas partes, quando estas estão orientadas para o que de facto interessa.
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