Ao escrever este artigo antes do jogo da nossa selecção com a equipa espanhola, não deixo de me questionar sobre os “feelings” que jogadores, treinador e milhares de portugueses estão a ter.
E o mais engraçado é que aposto que outros tantos milhões de espanhóis estão a ter um feeling semelhante. No fundo, será um confronto de intuições a que se vai assistir esta noite?
É interessante estar a falar nestes feelings em termos de vitórias num jogo de futebol e a pensar ao mesmo tempo na quantidade de empresas com quem trabalhamos e nos feelings que sabemos existir.
Quantas vezes decidimos por intuição nas empresas? E até que ponto a nossa intuição resulta ou não?
Os estudiosos do cérebro humano e do modo como é processada a informação garantem que a intuição existe de facto. No fundo, todos os estímulos que recebemos, cerca de 1 a 2 milhões por minuto, não são processados pelo nosso cérebro, sob o risco de o sobrecarregar e “fundir”. Mas de algum modo ficam retidos “para mais tarde recordar”. E depois, quando necessitamos, o nosso cérebro volta a aceder a essa informação, procurando um conjunto de padrões já predefinidos, um conjunto de estímulos sobre os quais recai a nossa atenção e aí sentimos que sabemos o que vai acontecer.
Assim sendo, o tal feeling, ou aquela sensação à boca do estômago, não é mais do que um screening da base de dados que nos aponta que algo pode ou não correr bem face a um determinado número de condições que estamos a observar. E então actuamos apoiados nessa sensação… ou não.
Mas faz sentido haver feelings nas empresas?
Intuição deles e delas
Notamos que as equipas com mais elementos femininos, acima de 40 a 50%, seguem mais a intuição. As mulheres não só têm esta característica mais desenvolvida desde tempos ancestrais, como estão mais despertas para aceitar as sensações positivas ou negativas que determinadas acções ou decisões lhes dão.
Para os homens, essa intuição ou 6.º sentido é um mito ainda ou então um sinal de fraqueza.
As equipas que confiam na intuição têm boas taxas de sucesso na resolução de problemas com equipa ou com clientes, pois procuram padrões semelhantes no comportamento das pessoas e actuam mais rapidamente e de modo mais determinado nos problemas. Esta acção é particularmente eficaz quando estamos perante problemas que ainda estão no início e assim a capacidade de actuar e resolver aumenta.
Por isso, da próxima vez que sentir aquele aperto no estômago, pare para estudar a situação. Ou se alguém da sua equipa “sentir” que algo não está bem, oiça melhor o que eles têm para lhe dizer.
E a liderança?
Os feelings são importantes, mas não se pode sustentar toda uma equipa ou empresa baseada em intuição e 6.º sentido.
Sem uma liderança eficaz que prenda a atenção da equipa e os motive não há intuição que resista.
A criação de âncoras que motivem a equipa é importante para que as pessoas tenham ferramentas positivas a que se podem agarrar quando os resultados não estão a conseguir reflectir o trabalho no terreno. Estas âncoras podem ser músicas, uma delas tão tocada ultimamente… mas podem ser acções de comunicação mensais com a equipa, e-mails de parabéns por resultados positivos, acções de teambuilding, pequenas ofertas, pausas para “pensar na estratégia” e sim, músicas…
Num contexto negativo como o que se vive diariamente, a que “brilhos” e “sensações” se agarram os colaboradores para conseguirem continuar a realizar um trabalho de qualidade? Pense nisso, e se não existem ajude-os a criar alguns de forma simples, sem forçar, mas acima de tudo preparando-os para o mercado.
Pessoas mais positivas atraem mais resultados… só não podem ir abaixo.
Os árbitros não ajudam
Mas não existe um jogo de futebol onde não esteja uma 3.ª equipa… a de arbitragem.
No contexto empresarial, nenhuma empresa “vive” sozinha e tem de se adaptar a regras de mercado, à concorrência, a condicionantes externas que existem e irão sempre existir.
Não se consegue fazer uma empresa crescer olhando sempre para trás, para o passado, para o que era e já não é. Se olharmos sempre para trás não conseguimos observar o caminho fantástico que se estende à nossa frente.
Sentimos muitas vezes que as empresas cruzam os braços e culpam elementos exteriores pela sua performance menos positiva. A culpa morrer sempre solteira é uma esplêndida justificação.
Tem de começar por assumir que condicionantes externas são uma constante da vida empresarial, mas se prevenirmos as falhas que possamos fazer e se apostarmos em criar condições de crescimento, em motivar as pessoas, em liderar sem deixar de exigir e responsabilizar, então eu tenho um feeling que essas empresas terão o sucesso que merecem e querem atingir.
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