Expectativas?
Costumamos dizer que o maior desafio de qualquer líder não é gerir as tarefas da sua equipa, mas a motivação dos colabores em torno das tarefas que estão à sua responsabilidade.
“E que desafio!”, estará a pensar…
Para o líder, seria tão mais fácil que os elementos da equipa fossem um pouco à sua “imagem e semelhança”, i.e., que corressem pelas mesmas coisas, que tivessem o mesmo ritmo, a mesma exigência, um processo de decisão similar e uma comunicação alinhada.
Até poderia ser mais fácil (mais rico não seria com certeza), mas não é de todo assim. E nunca foi, só que o contexto de incerteza em que a liderança é exercida torna hoje o desafio exponencial…
Incerteza a quanto obrigas…
Talvez seja por isso que encontramos cada vez mais líderes com vontade de acelerar as suas equipas, desesperados porque os colaboradores não fazem acontecer aquilo que se diz (uma, duas, …, milhentas vezes), a controlar em dobro, a exercer uma pressão desmedida, a comunicar em tom de pequenas “ameaças” e a trabalhar horas infindas a cada dia porque a equipa não responde a tudo o que era suposto.
O que está a acontecer à nossa liderança?
Será o que dizemos, ou como dizemos? Será que inspiramos, damos o exemplo, ou estamos de novo “a mandar”? O que aconteceu à capacidade de contagiar positivamente, quando não temos sequer vontade de reunir a equipa para realinhar o que quer que seja? E este desgaste, onde é que nos leva?
Será que tempos diferentes exigem expectativas diferentes? Ajustámos as nossas? Conhecemos as expectativas de cada elemento da nossa equipa e procuramos fazer uma gestão consentânea?
É que… já experimentou mudar a cara-metade lá em casa? E como correu?… Não dá mesmo, pois não?! Então porque nos sentimos tentados, mais do que nunca, a mudar os elementos das nossas equipas? Por mais vontade que tenha, sabe que não vai funcionar…
As expectativas em 4 quadrantes…
Do elemento mais recente da equipa ao mais sénior, dos baby boomers à geração Y que hoje convivem nas empresas, da menina do atendimento telefónico ao Director Geral com níveis de responsabilidade totalmente distintos, todos têm expectativas totalmente lícitas: as deles!
Quanto melhor conhecermos cada elemento da equipa, melhor posicionados estaremos para perceber as expectativas, os valores e as motivações de cada um, e isso pode fazer toda a diferença.
Tipificar as expectativas em diversos quadrantes pode facilitar perceber as expectativas individuais e permitir alinhar uma estratégia de gestão das mesmas:
- Expectativas internas – inerentes a cada indivíduo, como sejam competências, perspectivas de evolução e reconhecimento profissional;
- Expectativas externas – ditadas pelo contexto de mercado e da organização, como os objectivos, a alocação de recursos, o orçamento, entre outros;
- Expectativas percebidas – aquelas de que se tem consciência e que nem sempre expressamos
- Expectativas assumidas – as que foram expressas e partilhadas e que, por isso, são conhecidas
Gestão proactiva de expectativas
Gerir expectativas é um dos ingredientes indispensáveis para uma liderança eficaz. Apresentar objectivos até é fácil, comprometer a equipa com esses objectivos e passar isso para a agenda de cada um já é bem diferente!
É importante que cada um saiba o que é esperado de si e mesmo quando os objectivos são de equipa, há que arranjar uma forma de expressar o contributo individual esperado.
Gerir expectativas pode obviar muitos conflitos e, até mais do que se espera, muito ruído nos corredores…
Não há como falar do bom e do menos bom, do que é consensual e do que é incómodo, do que já foi feito e do que agora não se está a poder fazer, antecipar cenários mais e menos favoráveis.
As reuniões de equipa ou de feedback de desempenho não são de forma alguma para eliminar nesta fase, mesmo que não encontre nada de especial ou novo para comunicar. Saiba que não está sozinho se agora estiver a pensar “não tenho mais paciência para estar com essas tretas, temos é que trabalhar!” A gestão emocional também faz parte do processo e tem que ser feita, senão estaremos longe de ter uma equipa a 120% como agora precisamos.
A motivação não se compõe exclusivamente de prémios de produtividade, ainda para mais se não os podemos pagar (o que não quer dizer que não possamos e devamos continuar a ser criativos neste campo…). Temos que chegar mais e melhor à equipa, e todo o investimento que se possa fazer neste domínio é absolutamente precioso.
Sabemos que não é fácil contar até 10 antes de explodir, mas não é preciso um curso de psicologia, não temos que ser o “rei da diplomacia”, é preciso é darmos o primeiro passo, calçar os sapatos dos nossos colaboradores e estar preparados para receber feedback…
Escutar é a base de uma comunicação bem-sucedida. E às vezes ansiamos e falamos tanto para que as coisas aconteçam, que nos esquecemos de começar por perceber junto das nossas pessoas o porquê de não estarem a surgir.
É que manter as expectativas em linha com os objectivos continua a ser possível!
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