Falhar é uma opção? Já pensou nisto a sério?
A nossa sociedade de hoje premeia quem tem sucesso e literalmente destrói quem não tem sucesso.
Se compararmos Portugal com os Estados Unidos, uma das principais diferenças que encontramos é a cultura de empreendedorismo.
É uma forma um pouco redutora de colocar o problema, mas servirá para o raciocínio que queremos que sigam.
Se me perguntarem qual a diferença entre uma pessoa que tem sucesso e uma que não tem sucesso, claramente Vos digo:
“A pessoa que tem sucesso está disposta a falhar mais vezes e mais rápido do que uma pessoa normal.”
Acho que ainda vem dos tempos de escola, em que o sistema educativo premiava quem falhava e muitas vezes olvidava quem fazia muito bem.
Premiava?
Sim! Quando trazíamos um teste para casa com uma negativa, o que é que acontecia?
Claro, éramos castigados.
Poderemos pensar:
“Mas isso é um castigo, não uma recompensa!!!”
Ao punirmos, de certa forma estamos a dar algo ao cérebro, chamemos-lhe um prémio negativo, se quisermos.
O que acontece a seguir é que em vez de arriscar de peito aberto, provavelmente já o farei a pensar que se falhar vou ser castigado.
Este é um dos problemas da cultura de empreendedorismo em Portugal. As pessoas falham pouco, porque também tentam pouco, com medo do “prémio” que o falhar lhes poderá trazer.
Mas ao fim ao cabo, como é que se contraria esta cultura?
Como é que em tempos de aperto se criam estruturas nas organizações que permitam falhar em segurança?
Não existe uma resposta simples para isto, mas é algo que tem de ser introduzido progressivamente, para que a empresa possa, caso essa seja a sua estratégia, vir a ter uma forte cultura de inovação.
Graças a Deus que tive um chefe, quando estava a iniciar o meu percurso profissional, que me dizia muitas vezes:
“Zé, quero que tu falhes, pois, se não falhares é sinal que também não arriscaste, ou seja, não estás a evoluir.
Agora, não falhes é a mesma coisa três vezes seguidas, que isso já dá direito a uma ida aos Recursos Humanos.”
Ainda hoje, quando me lembro disso, sorrio, mas o que é certo é que me incutiu nessa época uma cultura de risco que até hoje me acompanha.
Perguntava-me noutro dia um quadro superior de uma grande empresa Europeia com quem estive a trabalhar:
“Mas será que nos dias que correm nos podemos dar ao luxo de que as pessoas errem?”
A minha resposta foi simples:
“Será que se pode dar ao luxo de que não o façam?”
Uma empresa sem erros é uma utopia.
Se pensarmos em termos comerciais, qual a empresa que nunca erra?
Como cliente, o que acontece é que dou mais importância à forma como a empresa lida com o erro e à celeridade e eficiência com que o faz.
Isso, sim, é uma cultura de excelência!
E na sua empresa… erra-se muito?
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