A prospeção é uma das questões que, geralmente, mais polémica gera nos nossos Workshops de Vendas.
Consoante o estilo comportamental do vendedor e a área de negócio em questão, alguns odeiam, outros adoram.
Não estou tão preocupado com o facto de se gostar ou não se gostar de fazer prospeção.
Penso que é ponto assente em qualquer área comercial que, de uma forma ou de outra, o processo comercial começa com contactos de potenciais clientes, contactos esses que podem, ou não, ser de qualidade, que podem, ou não, estar interessados, que podem, ou não, ter orçamento.
Enfim, começa a ver um padrão?
Claro que sim.
Uma das principais dificuldades da prospeção prende-se precisamente com a qualidade da informação com que trabalhamos.
Ter uma “boa” base de dados de potenciais clientes é fundamental.
Quanto melhor for a informação com que trabalhamos, maior capacidade temos de “afinar” o tiro que damos.
Existem várias possibilidades de criar a Vossa base de dados.
Normalmente, as mais utilizadas, mas nem sempre as mais eficazes, são as seguintes:
- Construídas à mão
Este tipo de base de dados faz sentido quando existem negócios ou nichos de mercado que não estão disponíveis nas bases de dados que se querem adquirir.
Neste caso, temos várias ferramentas na Internet que nos podem ajudar: as Páginas Amarelas eletrónicas, Diretórios de Indústria, Sites de associações comerciais ou industriais, os anúncios que são colocados em revistas das especialidade, associações de profissionais do sector, etc.
- Adquiridas
Neste caso existem 2 tipos de entidades a quem costumamos recorrer quando adquirimos bases de dados para os projetos de reestruturação comercial que implementamos nos nossos clientes.
Todas têm vantagens e inconvenientes.
As primeiras são utilizadas principalmente com as maiores empresas do ranking nacional, normalmente adquirem-se as 1000 maiores por distrito, para ser mais eficaz.
Têm a vantagem de estar muito bem caracterizadas em termos de valores de faturação, nº de empregados, principais quadros, etc.
São bases de dados normalmente mais caras, mas permitem uma maior eficiência na segmentação das empresas que nos interessam.
Nos outros casos, são bases de dados de todo o tecido empresarial, com cerca de 300.000 contactos, mas a única segmentação que possui é por sector de atividade.
Quer a base de dados seja construída à mão, quer seja adquirida, o importante é ter a seguinte noção: uma base de dados, a partir do momento em que é comprada ou criada, tem um tempo de vida muito curto se não for atualizada constantemente.
Ainda não está convencido de que uma boa base de dados é importante?
Então pense comigo.
Imagine que tem 100.000 potenciais empresas em Portugal.
Dessas 100.000 empresas, 50.000 são potenciais clientes devido ao seu volume de faturação.
Dessas 50.000 empresas potenciais clientes talvez 20.000 possam ser, de facto, empresas para as quais o Vosso produto ou serviço seja adequado.
Dessas 20.000 empresas, talvez 5.000 possam ser compradoras por uma necessidade imediata.
Bem, já temos as nossas 5.000 empresas, como é que agora lá vamos chegar?
Se a prospeção for feita da forma tradicional, vai com certeza dizer-me:
“Hummm, fazemos da forma habitual, telefonamos e marcamos reuniões com elas.”
E, de facto, a resposta está correta.
Só que normalmente um comercial realiza 3 a 4 reuniões, no máximo, com cada cliente.
E para fazer 4 reuniões é preciso muita disciplina e que tudo corra muito bem durante o dia.
Se fizer alguma qualificação telefónica, talvez consiga reduzir o número de empresas com as quais tenha de reunir para os tais 5.000.
Ora vamos imaginar que tem 3 comerciais.
5.000 empresas a dividir por 3 comerciais a dividir por 4 reuniões por dia.
Quanto é que dá?
5.000 empresas / 3 comerciais / 4 reuniões por dia = 416,6 dias.
Demorará então 416,6 dias a bater todos estes clientes.
Ora um ano tem 22 dias úteis em média por mês e cada comercial trabalha 11 meses.
Temos, por ano, 242 dias trabalháveis.
Isto já para não falar nos famosos feriados e pontes.
Ou seja, vai demorar quase 2 anos a dar a volta aos 5.000 clientes para descobrir onde estão os negócios que necessitam.
Então ainda pensa que a prospeção da forma tradicional é eficaz?
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