Nos tempos que correm, nas intervenções sobre motivação que realizo, pedem-me muitas vezes estratégias de motivação.
Algo tipo “receita”, que seja só tomar e já está, ficamos completamente motivados.
Costumo muitas vezes dizer que a motivação não se compra na farmácia.
Se bem que alguns dos meus amigos psiquiatras tivessem algo a dizer sobre isto, o que é certo é que não existe uma pílula mágica, um comprimido ou uma mezinha que sirva a todos.
O que lhe posso dar é simplesmente um conjunto de estratégias que poderão servir para dar a volta ao estado em que se encontra.
Em primeiro lugar, tem de perceber se a sua motivação vem de fora ou vem de dentro.
Provavelmente estará a pensar:
“De fora ou de dentro de quem?”
De si claro!
Pense numa altura em que conseguiu dar a volta à sua motivação. Isso aconteceu porquê?
Porque encontrou dentro de si os recursos para o fazer ou porque existiu uma situação, pessoa ou algo externo a si que lhe permitiu dar a volta?
Se foi interno, qual foi a situação? O que se passava à sua volta, que palavras disse a si próprio, o que sentiu?
Se tiver dificuldade, feche os olhos e recorde com o maior número de detalhes sensoriais a última vez que se sentiu, de facto, motivado.
O que viu, ouviu, sentiu…
Abra os olhos. Notou que ao recordar isto o seu nível de motivação subiu?
Se tal não aconteceu, provavelmente a memória que invocou não era efectivamente de uma verdadeira situação de motivação. Nesse caso, continue a procura até que tal se verifique.
Se se sentiu motivado, isso quer dizer que, de facto, a situação é a ideal.
Agora, porque é que ao recordar nos sentimos um pouco mais motivados?
Porque reagimos em segundos ao que pensamos, seja no bom sentido, seja no mau. Se lhe pedisse para recordar uma má experiência em que estivesse desmotivado, ao recordá-la iria ter exatamente o mesmo resultado, sentir-se-ia um pouco mais desmotivado.
Ora bem, tendo a sua memória identificada, reviva-a todos os dias, dê-lhe cor, torne o som mais audível, e, se quiser, procure que as imagens e as sensações se tornem maiores e mais ricas.
Vai ver que ao fazê-lo o seu grau de motivação irá crescer e solidificar-se.
Agora, se a sua motivação vem de fora, o processo já se torna mais complicado. Poderá, no entanto, utilizar esta mesma técnica para aumentar o seu grau de motivação.
Mas convém fazer um alerta à navegação…
Neste caso, utilize somente este exercício como uma muleta transitória, em última instância o seu objetivo terá de ser arranjar algo que o motive a partir de dentro.
Porque é que tudo isto é importante?
Porque a maioria das pessoas não tem noção daquilo que as motiva.
Pensa muitas vezes que é o dinheiro, a família ou algo assim, mas nem sempre isso é verdade.
Somente a exploração deste tipo de situações nos permite muitas vezes determinar qual o verdadeiro gatilho que nos faz disparar.
Esta semana pare um pouco para pensar:
“Será que de facto sei o que me motiva?”
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