Contrariamente ao que aconteceu transversalmente a diversos sectores nos últimos anos, são muitos os anúncios de oferta e de procura de emprego que enchem actualmente as redes sociais e os canais tradicionais de recrutamento. E, curiosamente, está desafiante recrutar…
Atrair, desenvolver e reter talentos são hoje palavras de ordem e, felizmente, voltaram a tornar-se uma prioridade das Organizações.
Mas será que recrutar é sempre a opção acertada? Será que conhecemos adequadamente as nossas pessoas e lhes proporcionamos as oportunidades certas? É verdade que o “sangue novo” faz falta às Organizações, mas não é menos verdade que desenvolver e proporcionar crescimento aos nossos melhores recursos pode ser uma aposta vencedora.
O facto de o mercado estar a mexer dá um sentido de urgência às Organizações para reter talentos e tornar a oportunidade de trabalho apetecível, tanto para quem já está na empresa, como para quem possa vir a integrar o quadro de pessoal.
Conhecer o Cliente interno
Se pensarmos bem, tudo começa na forma como vemos os elementos da Equipa. E até do que eles representam para nós… ser “funcionário”, “empregado” ou “colaborador” não são detalhes de terminologia…
Na realidade, cada elemento da Equipa é um “cliente interno”, não menos exigente do que o cliente externo, que precisa de estar satisfeito (leia-se motivado), com quem temos que desenvolver confiança (para ganhar compromisso) e a quem temos que endereçar expectativas (pelas oportunidades, pelo crescimento que proporcionamos e pelo reconhecimento que manifestamos).
Há uma coisa que não deixa margem para dúvidas, é que sem o propósito claro do “cliente interno”, fica difícil servir com excelência o “cliente externo”…
Importa por isso promover uma liderança centrada nas Pessoas, proporcionar momentos informais para desenvolver a relação, conhecer individualmente as emoções e aspirações dos nossos recursos e estar ciente das suas capacidades para fazer acontecer.
Proporcionar um ambiente atractivo e estimulante
Enquanto responsável de equipa ou director de departamento, imagino que se questione frequentemente sobre o tipo de experiência que está a proporcionar aos elementos da sua Equipa, a cada um deles…
Será que somos um “great place to work”? Estaremos a ajudar a crescer em competências e a proporcionar o crescimento que anunciamos? Desafiamos e estimulamos o suficiente? Trabalhar na nossa empresa é enriquecedor para todos, da telefonista ao comercial, do operador de produção ao gestor de produto?
Proporcionar aos colaboradores um plano de desenvolvimento individual, valorizar uma vida pessoal e profissional balanceadas, garantir momentos informais para desenvolver a relação com os colegas, ajudar a viver a missão e os valores, são aspectos fundamentais para que o sentido de pertença e o compromisso estejam sempre lá, para que cada um sinta a empresa como um bocadinho sua…
Sempre que levamos os colaboradores a superarem-se é porque estão comprometidos com a visão e o sucesso dos projectos em que participam.
E como precisamos de desafiar, acompanhar e celebrar resultados em conjunto… para proporcionar um ambiente positivo e incutir uma cultura de sucesso!
Tornar-se o líder que a sua Equipa precisa
E este é um desafio maior!
Implica pensar o que a Equipa espera de si, convida a fazer tábua rasa de outras experiências de liderança que já tenha tido (porque não há duas equipas iguais) e a apostar numa relação de proximidade com as pessoas.
Manter a congruência entre o que anunciamos ou prometemos e o que fazemos, ser autêntico, liderar pelo exemplo e debelar conflitos é fundamental para a credibilidade e para mobilizar as pessoas na direcção do que pretendemos.
Um líder não pode exigir capacidade de adaptação à mudança se ele próprio não a tiver, nem pode esperar que os egos dos seus pares ou subordinados se anulem se não souber vivenciar humildade…
Por outro lado, liderar não é um acto de fé. Há alturas em que não nos podemos desviar dos factos, do que importa ver, e quando corre mal, é necessário reconhecê-lo e readequar a estratégia. Se for preciso mudar de opinião, ou mesmo de direcção, há que fazê-lo e assumir a responsabilidade.
Por vezes, é preciso ser um líder invisível, aprender a ser líder na rectaguarda, tornar a estratégia participada para envolver desde a primeira hora e gerir com confiança e transparência.
Em muitas Equipas é o Líder que colhe os frutos do trabalho realizado e que chama a si os louros do resultado do empenho de todos. Será esta a melhor abordagem?
É verdade que quando há sucesso numa Equipa, seguramente que o líder terá muito mérito, fruto da sua visão, motivação e orientação da equipa. Mas não é menos verdade que quem assegura o processo são todos os que a um nível mais operacional fazem os resultados acontecer, e importa deixá-los brilhar.
Por tudo isto, torna-se cada vez mais óbvio que o sucesso organizacional não depende das competências disponíveis, mas da forma como a Empresa potencia os talentos individuais…
Vamos tornar a retenção de talentos uma missão possível?!
Ajude-nos a melhorar! Deixe-nos por favor o seu contributo para o tema.