Nem precisamos de continuar, pois estou certa que todos conhecemos o provérbio.
A maneira tradicional em Portugal é de facto o “desenrascar”, o conseguir dar a volta por cima, mesmo sem condições, e conseguir fazer acontecer o que parece impossível.
Até que ponto esta nossa capacidade inata é uma ajuda? E será que podemos aproveitá-la da melhor maneira?
E até que ponto o fazemos, ou deixamos de fazer, com as nossas equipas?
Pelo lado menos bom
Estamos tão acostumados a não ter certas ferramentas, meios ou condições, que por vezes nos deixamos levar pelo que não temos.
Noto muitas vezes que certas equipas baixam os braços, porque não concebem a ideia de poder vir a ter algo diferente. Por exemplo, avaliação de performance. Muitos dizem-nos que nem vale a pena investir nisso, que vai demorar muito tempo para não se conseguir nada de especial, e que mesmo que existam avaliações, não vai haver reconhecimento.
Outro exemplo é o investimento em marketing… a queixa mais frequente é que não se pode gastar dinheiro, que não conseguimos nada de bom com pouco investimento, e por isso faz-se publicidade de má qualidade, mais que não seja para podermos dizer que fazemos algo!
Pode ainda ser menos positivo pelo facto de limitar a criatividade das equipas. Como sabemos que “não temos o cão”, não investimos nem um pouco a pensar “fora da caixa”, a imaginar formas diferentes de fazer o marketing, de abordar a equipa, de criar dinâmicas interessantes na avaliação de performance.
Pelo lado bom
A capacidade dos colaboradores é muito maior do que o que imaginamos. Tem é de ser alavancada e bem utilizada.
Se admitirmos que não existe mesmo o cão, mas que há que não desistir, há que não baixar os braços e há que trabalhar de forma diferente, as pessoas veem o futuro com outros olhos.
Muitas vezes temos equipas que se queixam que não há tempo, não há dinheiro, não se consegue fazer nada, que o produto/serviço é muito mais caro que outros no mercado, que a inflação está para ficar, que não vai dar resultados, entre muitos outros nãos.
A nossa pergunta é sempre a mesma: o que está nas nossas mãos fazer? Que “gatos” podemos sacar da cartola?
Se não podemos mudar a inflação, os preços, o budget de investimento, então que tal pensar de forma diferente?
Imagine uma reunião com a sua equipa, em que há multas para quem se queixa e a única condição de participação é dar ideias. Mais bizarras, menos convencionais, mais formais ou informais, enfim… imaginem que tinham todas as condições, dinheiro e tempo do mundo. Não acredita o que a sua equipa é capaz de inventar!
Tem sido um dos exercícios que em processos de business coaching nos tem dado mais gozo fazer. A inovação nasce destes momentos, em que algo tem de ser feito, mas não existe uma ideia exacta de como será feito!
Para isso existe o marketing de guerrilha, que permite com imaginação e pouco investimento direcionar a ideia para o cliente final, aproveitando na grande maioria dos casos plataformas que ajudem a disseminar a mensagem de forma viral.
Trata-se do apoio entre colegas, de forma a conseguirem mais com menos. Vemos que o “gato” pode ser o colega que, não sendo do mesmo departamento, tem uma competência especial e uma mais valia que pode adicionar à outra área da equipa. Aposto que na sua empresa tem algum craque em Excel ou outra ferramenta e que poderia, e muito, ajudar os outros.
Treinar objeções e punch lines com a equipa de comerciais. Quando as equipas estão preparadas, a sua confiança aumenta e as negociações tornam-se mais eficazes. Com isso aumentam também as vendas.
Por isso, agora trate de procurar os “gatos” na sua empresa e não deixe que os “cães” que não tem impeçam o seu sucesso, a sua capacidade criativa, a sua força e vontade de vencer e de contagiar a sua equipa.
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