Nos últimos meses é de facto impossível estar imune às notícias, à subida dos juros, à Inflação e a todo um sentimento de desalento e desespero que se instalou.
É contagiante o espírito negativo e mesmo os mais otimistas sentem que remam contra uma enorme maré, sem possibilidade de conseguir chegar a bom porto.
Se para uns a inflação é desespero, para outros é oportunidade, mas hoje quero abordar a situação em que muitas empresas se encontram hoje em dia, num impasse face ao futuro e a sentir que o castelo de cartas está a cair.
O que fazer agora
Muitas empresas com quem trabalhamos ou com que nos deparamos hoje em dia estão, de facto, num impasse. O que fazer perante previsões de futuro?
Como costumamos muitas vezes abordar com algumas equipas, o foco é concentrarmo-nos no que está nas nossas mãos fazer e, não podendo mudar a Inflação ou a escalada dos juros, podemos direcionar o nosso foco para o que conseguimos alterar.
Outro facto que constatamos é que muitas empresas, seja na área de produtos, seja na área de serviços, continuam a prosperar ou pelo menos a manter resultados que permitem um equilíbrio das contas. E o que é mais curioso é que este sucesso, ainda que muito pequeno em alguns casos, dá-se em todas as áreas de negócio, mesmo naquelas onde sabemos que a Inflação foi mais agressiva.
Fica então a questão: o que têm essas empresas de especial?
Qual a melhor carta do baralho
Para fazer um castelo de cartas, nenhuma carta é melhor que a outra e são precisas várias. Quanto mais cartas colocamos, maior o desafio, mas mais bonito fica o castelo.
Nas empresas que estão a conseguir dar a volta por cima acontece mais ou menos o mesmo: são várias as cartas.
Numas encontramos equipas muito orientadas para os resultados, com um conhecimento profundo dos produtos, do mercado e de como se devem abordar os clientes. Noutras é o próprio mercado que por saturação começa a canalizar-se para uma área específica e diferenciada, noutras criaram-se novos produtos/serviços a oferecer, outras começaram a exportar cada vez mais… enfim, muitas são as razões. Com um ou mais fatores, o que acontece é que conseguem manter alguns dos clientes atuais e atrair novos, que vão buscar à concorrência.
Por isso, na sua empresa poderá estar a esconder o trunfo sem o saber. Que cartas tem?
- A equipa está orientada? Se achar que não, dê injeções de motivação semanais. Por e-mail, pessoalmente, vá comunicando o desenrolar dos acontecimentos e o atingir de metas, ainda que pequenas, para que todos sintam que é possível!
- Divulgue os resultados como eles são, e não por excesso ou defeito. Muitos responsáveis de equipa têm receio em divulgar certos dados, e outros exageram e puxam para baixo com resultados ainda piores, para fazer “a equipa mexer”. Não tenha receio. O segredo está em medir o que de facto interessa.
- Acredita nos seus produtos/serviços? Podem ser vendidos a outro tipo de clientes? Dá para serem adaptados e servirem outros mercados? Tente criar “oceanos azuis” e pense fora da caixa que outros produtos ou serviços verdadeiramente diferenciadores podem oferecer aos clientes.
- Conheça muito bem a concorrência, mas não entre em guerra de preços. Podem ser tomadas decisões a curto prazo que vão comprometer o médio e longo prazo. O tempo que investe a conhecer a concorrência tem de ser doseado. Não insista de mais nem de menos.
- Pode exportar? Se sim, então informe-se como o fazer. E se não for fisicamente, pode ser via Internet, mas se Portugal é pequeno para a sua empresa, estique-se para outros mercados, outras oportunidades. Participe em ações das Câmaras de Comércio, reuniões de networking, informe-se…
Equilíbrio
É fundamental o equilíbrio quando construímos um castelo de cartas. As peças devem estar todas no lugar, com muito cuidado. É fundamental equilibrar a vida pessoal e profissional.
Por muito que digam ser possível separar as águas, não somos completamente impermeáveis! Quer de um lado, quer do outro, há fatores que nos incomodam e temos de ter um equilíbrio entre os dois lados, para que se consigam atravessar as águas conturbadas.
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