De facto é algo que dá que pensar… qual o ingrediente secreto na liderança?
Ao longo dos últimos tempos tem-se assistido a um aumento cada vez maior de interesse pela cozinha. Desde programas televisivos com chefes a mostrar como cozinhar, a programas de chefes semi profissionais, a outros com participantes que não são profissionais mas que têm uma verdadeira paixão pela cozinha e por comida.
Existe inclusivamente um canal só de culinária, e parece que muita gente se voltou para um dos actos mais simbólicos de “dar amor”, de colocar num prato todo o empenho e carinho que temos pelo que se está a fazer.
Confesso que quando assisto a alguns desses programas me questiono até que ponto as empresas seriam diferentes se todos os seus colaboradores “cozinhassem” daquela forma e é muito interessante fazer a analogia entre o acto de cozinhar e o que deveria existir nas empresas para que se visse o mesmo entusiasmo e entrega que vemos nestes programas culinários.
Paixão
É a palavra mais referida, quer pelos chefs, quer pelos aspirantes a chefs, a “paixão” pelo que se faz. Não é suficiente “gostar” de fazer algo, tem de se ter verdadeira paixão por fazê-lo. Recordo-me de alguém dizer num programa destes que se tinha de “cozinhar com alma”, e no trabalho? Até que ponto você ou a sua equipa trabalham com alma?
Quando trabalhamos com empresas nota-se os que têm verdadeira paixão pelo que fazem: os olhos brilham quando falam das suas funções, queixam-se pouco ou nada, descrevem com prazer as suas responsabilidades, e não receiam desafios nem trabalho extra.
As pessoas com paixão transformam as dificuldades em oportunidades e procuram envolver não só os seus colegas como os seus clientes nessa mesma paixão.
Onde está a paixão que tem pela sua empresa ou pela função que desempenha? E se tinha, o que a fez deixar arrefecer?
Quando a verdadeira paixão existe, as “crises” são bem mais fáceis de ultrapassar. Vemos por parte de todos uma entrega maior, um espírito de ajuda e de colaboração muito grande e quase diria um verdadeiro empenho em salvar ou resguardar a função de que tanto gostam.
Temos a felicidade de conhecer muitas empresas que não perderam esta paixão, cujos colaboradores estão empenhados em todos os segmentos da empresa em servir com paixão os seus clientes.
E se for cliente de empresas “apaixonadas” e de colaboradores a trabalhar com paixão, vai sem dúvida notar a enorme diferença!
Ingredientes
E será que existe o ingrediente secreto? A minha avó dizia que era o amor que tínhamos por quem vai provar os pratos que fazemos que dava um gosto especial à comida. Num dos meus filmes de animação favoritos, o ingrediente secreto está no fundo na nossa capacidade de acreditar que somos capazes de ser especiais.
Os ingredientes têm de existir nas empresas e ser da melhor qualidade possível, e quando falo de ingredientes falo de condições de trabalho, de planos de negócio bem definidos, de valores, missão e visão bem divulgados por todos. Da capacidade de acreditar que o futuro depende do empenho de cada um e que está nas nossas mãos muitas vezes a capacidade de fazer o impossível.
Também existem ingredientes que devem ser retirados da “cozinha”. O mau humor, má vontade, pouco empenho, pouca camaradagem e espírito de entrega são sem dúvida ingredientes que não servem nesta altura. Se a “crise” está neste momento a afectar todo o tecido empresarial, precisamos de todos os bons ingredientes que conseguirmos para de alguma forma conseguir combatê-la e criar “pratos” deliciosos.
Se dirige equipas, veja a qualidade dos ingredientes que utilizam e quais os ingredientes que têm de ser alterados e melhorados, e quais os que devem ser retirados de uma vez.
Liderança
Sem um bom chef é difícil ter uma boa cozinha e, consequentemente, boa comida.
É imprescindível uma liderança forte, que tenha uma noção do conjunto perfeita para que tudo saia bem. Vemos nos chefs que não só têm a capacidade de conduzir a equipa, como de puxar por ela, de saber qual o melhor lugar para cada um dos colaboradores. Além disso, têm a capacidade de perceber qual a melhor mistura de paladares, qual o melhor método de cozinha para conseguir tirar o melhor de cada ingrediente.
O mesmo se passa nos líderes nas empresas. Têm de ter esta capacidade de motivar a equipa, de dar as directrizes principais dos planos de acção, de comunicar o que ocorre de bom e de menos positivo e de ver todo o conjunto rapidamente. Se o conseguir, tem também possibilidade de actuar.
Precisamos de mais “Master chefs” nas nossas empresas. Precisamos que muitos líderes recuperem a sua paixão pela empresa e contagiem de forma positiva toda a equipa. Os que já têm paixão, precisam de a colocar ainda mais ao serviço dos outros e ver se têm os ingredientes certos para o “prato” que estão a preparar.
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