Sendo neste momento uma rubrica que granjeou o prémio Rádio da Sociedade Portuguesa de Autores, não pretendo sequer identificar este artigo com este espaço que tanto alegra as nossas manhãs, apenas quero pegar na palavra CROMO.
É, sem dúvida, uma palavra que entrou nas nossas conversas há muito, e que usamos muitas vezes para identificar traços ou gestos de personalidade, características pessoais ou de aspecto físico, e que na maior parte dos casos não é um cumprimento muito abonatório!
Mas até que ponto os cromos nos servem de lição?
Nas intervenções de business coaching que fazemos com as empresas, somos muitas vezes alertados para a existência de um ou outro “cromo”. E, obviamente, gostamos de saber em detalhe o porquê do nome, por que razão lhe foi atribuído o rótulo.
E muitas vezes chegamos a conclusões interessantes, pois o cromo pode revelar-se alguém com um potencial fantástico que não tem a oportunidade de mostrar o que vale. Assim sendo, temos vários tipos de “cromos”:
Os “cromos” pacatos
Existem nas empresas umas quantas pessoas mais pacatas, caladas e que passam muitas vezes despercebidas. São percebidas pelo resto da equipa como pessoas tímidas, que preferem escutar a falar e que seguem os procedimentos, acções e tarefas que lhes são atribuídos.
São muitas vezes as pequenas “formiguinhas”, nas quais assenta grande parte do trabalho, e quase não se dá por elas, pois não têm por hábito mostrar-se aos outros ou evidenciar-se demais.
Os cromos mais pacatos têm assim uma grande capacidade de trabalhar sem criar mau ambiente, preocupando-se em ser low profile. Precisam, no entanto, que reparemos neles, não pelas razões de serem tímidos, mas pela excelente performance que demonstram. Pelo facto de conseguirem uma consistência que poucos conseguem.
Por isso, dê um “muito obrigado” ao seu colaborador mais pacato, pois estou certa que é um dos mais merecedores na equipa.
Os “cromos” do trabalho
Também há umas surpresas engraçadas em certas equipas. Por vezes falam-nos de pessoas que chegam ao raiar da aurora e são as últimas a sair.
Há pessoas cuja forma de dar a entender o seu desempenho é serem “escravos” do trabalho. E neste tema vamos ao encontro de uma palavra que também está na moda: Produtividade.
A definição de produtividade é basicamente a relação entre a produção e os factores de produção utilizados. Por isso, a produtividade permite medir não só a eficiência, como também a eficácia. Esta última é, sem dúvida, a produção, mas em tempo real. Os “cromos” que chegam ao raiar da aurora e são os últimos a sair.
Mas será que são os mais produtivos? Ou têm falta de planeamento pessoal? Ou sentem que dessa forma poderão mostrar mais trabalho?
A continuação deste tipo de comportamentos depende também da liderança. Não somos só trabalho, precisamos de escapes, de ter uma vida pessoal, de espairecer a cabeça. Mas se o líder avalia a performance pelo número de horas de trabalho, corremos o risco de ter uma equipa cansada e nem por isso mais produtiva.
Por isso, verifique o que este tipo de “cromo” está a fazer, crie indicadores que permitam medir o trabalho de forma rápida, e ajude a organizar melhor o tempo.
Os “cromos” do desempenho
Por vezes dizem-nos que alguns colaboradores são acima da média em termos de desempenho, mas que falham noutros pontos. Normalmente o melhor vendedor é o que mais se atrasa nos relatórios, o que gosta mais de trabalhar sozinho, entre outras características. É bom ter destes motores dentro da equipa e, por vezes, a missão do líder é dar a entender que por serem os tais “cromos” a quem tudo corre bem, podem e devem apoiar a equipa e, acima de tudo, dar o exemplo.
Podem e devem ser aproveitados por parte da chefia para fazer algum mentoring dos mais novos ou ainda para envolver os mais antigos.
Os “cromos da bola”
Estes são mesmo únicos! É difícil haver mais que um. Em quase todas as empresas, quando a equipa nos é apresentada, há sempre um de quem nos dizem “já desistimos… este é mesmo único!”. Pode ser um desafio interessante. Mesmo os elementos mais adversos à mudança adquirem comportamentos muito interessantes quando confrontados com a necessidade de mudar. Podemos mudar porque escolhemos ou porque somos obrigados. Se mudamos porque escolhemos, a mudança não é tão dolorosa. Se mudamos porque somos obrigados, há, sem dúvida, uma barreira à mudança.
Por isso, comece a coleccionar as carteirinhas e a colar os “cromos” na caderneta. Lembre-se que não são todos iguais e uns mais difíceis de trocar que outros, mas se forem trabalhados da forma correcta, juntos fazem uma excelente equipa… a sua!
Ajude-nos a melhorar! Deixe-nos por favor o seu contributo para o tema.