Uma das coisas que sempre tive curiosidade de saber é se existe um Santo padroeiro das Vendas.
Por vezes dava jeito.
Sei que Santa Bárbara tinha a ver com trovões.
Recordo como se fosse hoje a minha mãe dizer:
“Só se lembram de Santa Bárbara quando trovejar”.
Se pensarmos neste tópico relativamente às vendas, como seria?
Hummm…
Talvez pegar no tema dos objetivos mensais e trimestrais.
Quando é que os vendedores se lembram dos seus objetivos?
Normalmente quando “troveja”, ou seja, quando o fim do mês chega e normalmente estão longe dos números que necessitam para fechar o mês.
Mas afinal, quando é que devemos preocupar-nos com os objetivos de Vendas?
A minha resposta típica é nunca!
Ou seja, se tudo estivesse a correr bem, se tivéssemos realizado o que deveríamos ter realizado em termos de ações comerciais, se…
Está a ver o filme?
Claro que está!
Mas será que ainda há quem ache que, geralmente, os objetivos do mês são resultado do trabalho desse mês?
Por incrível que pareça…
As únicas exceções acontecem em caso de ciclos de venda muito curtos ou venda por impulso.
Tirando estas situações, a realidade é que os resultados do mês são o resultado de todo o trabalho que está para trás.
Por isso, se os objetivos do seu mês estão mal, lamento informá-lo, mas muito pouca coisa do que faça este mês o vai salvar.
Se quer, de facto, chegar ao meio do mês e estar descansado, tem de olhar para trás e começar por perceber quais são os números da sua atividade comercial.
Que métricas é que existem.
Faça as seguintes contas:
- Qual o valor da sua venda média ao longo do último ano;
- Quantas propostas entregou e quantas dessas propostas tiveram sucesso;
- Quantas reuniões teve de realizar para conseguir entregar essas propostas todas;
- Quantas chamadas ou contactos teve de fazer para conseguir realizar essas reuniões.
Após ter estes números poderá começar a ver um padrão na sua atividade comercial.
A questão é que dependendo do tamanho (em termos de tempo) do seu ciclo comercial, o sucesso ou não do mês corrente começa lá atrás com o primeiro contacto, muitas vezes telefónico, com o seu cliente.
Na prática, muita coisa se resume ao volume de contactos inicial.
Não é o único fator que influencia, mas tem muito a ver com o sucesso ou não da sua atividade comercial.
Se não existirem contactos, nada mais importa.
E o volume de contactos de qualidade que fazemos influencia diretamente todos os outros fatores que vêm a seguir no seu ciclo comercial.
Digo contactos de qualidade, porque é simples um vendedor que queira apresentar números desatar a fazer contactos só para mostrar e encher o olho à sua chefia.
Paralelamente ao número de contactos iniciais, joga-se com a qualidade dos mesmos.
Por vezes, nas organizações, existem pessoas que sofrem de uma doença tramada, chama-se “reunite aguda crónica”!
Já ouviu falar?
Pode ser que não, mas com certeza que já sofreu com isso.
É muito simples, entrar numa organização por baixo.
Existe um conjunto de pessoas que nos abrem a porta, adoram conversar connosco sobre os nossos produtos, são “simpatiquíssimos”.
Mas normalmente não nos levam a lado nenhum.
Não tendo poder de decisão na organização, estão pura e simplesmente a empatar-nos o caminho.
E é incrível como essas pessoas andam normalmente cheias de trabalho, cheias de reuniões.
Parece que o seu poder na organização até está ligado ao número de reuniões que realizam.
Quer um conselho?
Fuja deles.
Exceto caso possa utilizá-los, de facto, para entrar na organização e subir.
O que é caso raro.
A maioria dos Vendedores que analisamos em termos de atividade nos processos de Formação e Coaching Comercial chega rapidamente à conclusão de que aquilo não vai a lado nenhum.
O problema é que só descobrem isso após largos meses de interação infrutífera.
Para, de facto, se ter sucesso na atividade comercial e não recorrer todos os meses a “Santa Bárbara”, há que identificar corretamente qual o decisor e apontar baterias para ele em termos de prospeção.
Costumo dizer que prefiro ir bater à porta de “Deus” e ele chutar-me para o “Diabo”, do que ir bater à porta do “Diabo” e ele nunca me levar a Deus.
O problema é que a maioria da argumentação comercial em termos de prospeção se fica por:
“Boa tarde, fala Joaquim das Quintas, gostaria de falar com o Senhor Eng.º Antunes”
Que normalmente obtém a seguinte resposta:
“Qual o assunto?”
“Era para marcarmos uma reunião relativa aos nossos produtos/soluções.”
Acha mesmo que isto ainda lhe abre as portas com um decisor de topo?
Pois…
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