A Economia Comportamental também pode ajudar as empresas a economizar dinheiro, tornando as suas operações mais eficientes. É bastante conhecido o exemplo da Virgin Atlantic, uma das maiores companhias aéreas do Reino Unido, que conseguiu economizar mais de 4,9 milhões de euros em custos de combustível enviando cartas aos pilotos com metas personalizadas sobre comportamentos relacionados com a economia de combustível e um feedback mensal sobre como estava o seu desempenho em relação aos seus objetivos. O que se constatou foi que o estabelecimento de metas motiva as pessoas e a definição personalizada de metas, combinada com feedback, motiva as pessoas ainda mais.
Às vezes é preciso mais do que motivação. A maioria de nós conhece bem esse problema: temos que nos comprometer com um cronograma ou custos para um projeto e acabamos por precisar de mais tempo e dinheiro para concluí-lo. Quer se trate de um documento, do lançamento dum produto ou de um grande projeto de infraestrutura, como a construção de uma ponte ou um túnel – a falácia do planeamento é um fenómeno universal. É frequente subestimarmos os recursos envolvidos para concluir um projeto e a principal razão baseia-se na nossa inclinação natural para o excesso de confiança nas nossas capacidades. A Economia Comportamental pode ajudar a combater esse fenómeno, propondo métodos para fazer um planeamento mais preciso, como algo chamado “previsão de classe de referência”, onde fazemos benchmarks com projetos anteriores semelhantes, em vez de confiar em estimativas das nossas capacidades futuras.
A maior parte das empresas estão sentadas em cima de informação preciosa sobre ações e projetos anteriores que já desenvolveram, mas que não estão sistematizados nem catalogados para poderem ser utilizados como referência para projetos futuros.
Daniel Kahneman e Amos Tversky concluíram nos finais da década de 70 do século passado que a desconsideração da informação distributiva, ou seja, o risco, é talvez a principal fonte de erro nos processos de previsão. Nesse sentido, eles recomendaram que os analistas deveriam fazer todos os esforços para enquadrar o problema de previsão, com o objetivo de facilitar a utilização de todas as informações de distribuição disponíveis. Quando utilizamos informações de distribuição de projetos anteriores, semelhantes ao que está a ser planificado, para otimizar a nossa previsão diz-se que estamos a usar uma”visão externa”. A previsão de classe de referência é um método para obter uma visão externa das ações planeadas.
A previsão da classe de referência para um projeto específico envolve três etapas:
- Identifique uma classe de referência de projetos semelhantes anteriores.
- Estabeleça uma distribuição de probabilidade para a classe de referência selecionada para o parâmetro previsto.
- Compare o projeto específico com a distribuição da classe de referência, de forma a estabelecer o resultado mais provável para o projeto específico.
Ao oferecer maneiras de criar um planeamento de projeto mais realista, a Economia Comportamental pode aumentar a probabilidade dos projetos serem executados de acordo com o plano, sem gastar muito tempo ou dinheiro.
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