Já deve ter tido a experiência de cortar as pernas a um banco para que este fique mais nivelado. Aposto ainda, que depois de cortar a primeira perna, verificou que estava um pouco mais curta que as outras, e assim começou a cortar uma a uma até estarem com o comprimento perfeito.
No final o que acontece sempre? Após umas horas de trabalho de medição e cortes, chegamos sempre à conclusão de que mais valia não termos começado a cortar.
Nas empresas acontece o mesmo. E então com a conjuntura económica que estamos a atravessar de “cortes” em salários, subsídios, pessoal, entre outros, vai ser garantido que muitas empresas irão começar a cortar.
Mas a nossa pergunta é sempre a mesma: será que está a cortar no sítio certo?
Não poderá dar-se o caso de estarmos a cortar a “perna do banco” errada?
Observamos muitas vezes que os cortes podem ter consequências desastrosas. Resolvem o curto prazo em termos de liquidez financeira, margem e muitas vezes encargos, mas depois hipotecamos o futuro com a nossa acção, muitas vezes pelo facto de os cortes serem nos sítios errados.
Senão, vejamos alguns exemplos de bons e maus cortes e veja o que pode estar a provocar na sua empresa em termos de garantia de futuro.
Cortes nos Recursos Humanos
Pois, muitas vezes é por aqui que se começa… a tentação é grande, pois é um custo muito pesado. Mas será que estamos a fazer o mais lógico? Para certas empresas é, sem dúvida, a única solução, mas antes da decisão têm de ser ponderado os prós e contras da decisão. Quem é mais importante na equipa? Poderemos recorrer a outsourcing? Será que os nossos recursos humanos estão bem aplicados e fazem as suas funções com sucesso?
Verificamos muitas vezes que encaminhar certas pessoas para outras áreas pode ser a decisão mais inteligente. Ou então “encolher” algumas estruturas, apostando com mais mão-de-obra nas que estão mais precárias.
Os custos de perda são elevados, não só para quem sai, obviamente, mas acima de tudo para quem está à volta, podendo criar uma onde de choque que destrói a confiança e motivação no futuro.
Cortes no Marketing
É sempre uma área que está na mira em fase de maior sufoco financeiro. Para muitos Marketing é um custo e não investimento. Antes de começar a cortar nesta área, propomos que se meça com exactidão todo o marketing que já existe na empresa. Só depois desta aferição poderemos com mais certeza ver quais as acções de marketing que estão a trazer leads e quais as que são de facto um custo.
Outra maneira de não cortar nesta área é a aposta cada vez maior em acções de marketing de guerrilha, ou seja, alto impacto e baixo custo, aposta em redes sociais, youtube, internet e outras ferramentas à disposição de todos a custos muito reduzidos.
Neste caso é um novo método de abordar o mercado e quanto mais forte for a presença nestes novos meios, maior será o impacto positivo no marketing da empresa.
Cortes na Formação
Se estamos com pouca liquidez, se o mercado está exigente, então tudo o que for para além do estritamente necessário é normalmente “cortado”. As 35 horas de formação são obrigatórias, mas de modo a reduzir custos, aposta-se muitas vezes em formação que não está adequada a quem a recebe, só para cumprir os requisitos.
Se pretende continuar sem cortar nesta área, garanta que a formação é o mais direccionada possível para quem a recebe, meça o seu sucesso, faça mais um ou dois follow ups ou refresque as ideias a quem já a teve.
Mas se mesmo assim a coisa está complicada e tem mesmo de condicionar o seu investimento, olhe para dentro da empresa e veja quem tem capacidade, disponibilidade e conhecimentos para fazer uma boa formação interna. Esta maneira de dar formação é menos dispendiosa e pode contribuir para a motivação de quem a dá e de quem recebe.
Outros pequenos cortes
Sempre ouvi dizer que grão a grão enche a galinha o papo. Nem imagina onde podemos desta feita cortar em custos extra sem prejudicar ninguém. Reveja os planos de pagamento de clientes e fornecedores, reveja todos os custos de redes móveis e fixas e procure consultas de valores de modo a ter a melhor oferta.
A política dos automóveis pode ser outra maneira de reduzir custos, bem como de seguros. Se criar um prémio para os bons condutores na empresa, poderá diminuir a taxa de acidentes e com isso negociar de forma diferente com as seguradoras.
Envolva a equipa nas reuniões e coloque-a ao corrente da situação que a empresa está a viver e poderá ser surpreendido pela compreensão de quem se entrega ao que faz e quer manter o seu presente e semear o futuro.
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