Muitos comercias com quem trabalhamos inicialmente sofrem deste problema.
Vamos imaginar que chegam à empresa e dizem:
“Tenho um grande negócio em mãos!”
Quando analisamos o negócio em causa, à primeira vista parece mesmo isso.
Um grande negócio!
Mas quando começamos a analisar as coisas com um olhar um pouco mais crítico, nem sempre tudo o que reluz é ouro.
Por vezes ser só um ótimo negócio não chega.
Muitas vezes basta uma simples questão para deitar tudo por terra:
“Será que temos mesmo possibilidade de ganhar este negócio?”
O que noto quando faço coaching comercial às equipas de vendas dos nossos clientes é que nem sempre têm este pequeno pormenor presente.
Se não temos nenhuma hipótese de ganhar o negócio, seja por preço, por características, por lobby da parte da concorrência, por não conseguirmos competir com a solução dos outros, será que vale mesmo a pena ir a jogo?
Qualquer jogador experiente de poker (que a propósito não sou) vos diria que, exceto caso consiga fazer um bluff credível, normalmente não vai a jogo.
A ânsia de mostrar trabalho perante a organização ou perante a chefia leva por vezes os vendedores a quererem ir a todas.
O problema é que o nosso tempo é finito.
O dia só tem 24 horas e muitas vezes não chegam para tudo o que, como vendedores, temos para fazer.
Por outro lado, na venda de determinados produtos e serviços, a elaboração de uma proposta é um ato complicado e requer muitas vezes o envolvimento de especialista de fora.
Não é à-toa que muitos dos nossos clientes nos contratam em processos de venda complicada para supervisionar e assessorar a elaboração de propostas complexas, principalmente quando falamos de concursos públicos.
Por vezes, pequenos pormenores, como consistência, erros, omissões ou esquecimentos, podem deitar tudo a perder nestes processos.
Como devem imaginar, sendo feito com a prata da casa ou com especialistas externos, tudo isto acaba por ter custos por vezes bastantes elevados.
Então se não devemos ir a todas, o que devemos fazer?
Muito simplesmente ter alguns critérios de avaliação para ir ou não a jogo.
Em muitas empresas com quem trabalhamos no dia a dia definimos, em conjunto com os colaboradores, quais as regras que têm de ser cumpridas para se avançar ou não para a preparação de uma proposta.
Estas regras têm fatores de ponderação e quando a percentagem atingida não é suficiente, tem de existir alguém superior para decidir se vamos investir tempo na proposta ou não.
As regras podem ser tão simples ou tão complexas como for necessário.
O importante é que sejam claras e que toda a equipa as conheça.
Um dos riscos é muitas vezes pensarmos que, mesmo em situações em que seja somente enviar email com preços e condições, isto não tem prejuízo na atividade comercial.
O envio de propostas sem follow-up normalmente não tem grande impacto, pela experiência que temos.
É claro que isto depende do tipo de negócio de que estivermos a falar, mas geralmente é uma prática que não aconselhamos aos nossos clientes.
Se enviarem 30 a 40 pedidos de preços por dia e 10 desses forem para perder, temos de contabilizar o tempo que despendemos a enviá-los, mas também o tempo que será necessário futuramente para o follow-up.
Outro problema que surge prende-se com o impacto negativo na previsão dos resultados comerciais que a empresa irá atingir.
Um Diretor Comercial que olhe para um pipeline de vendas e que tente analisar quais serão as vendas que a organização terá, estará a fazer o seu trabalho com dados perfeitamente viciados.
À primeira vista poderá parecer que a saúde comercial da organização está boa, mas quando analisamos de facto os números, eles estão inflacionados pelas propostas que foram enviadas e que não vão ter nenhum sucesso.
Agora, provavelmente estará a pensar, mas como é que eu crio um critério de decisão para a análise das oportunidades a concorrer?
O que fazemos com as equipas é reunirmos com elas e analisar o que é crítico em termos de decisão.
Vemos para trás todas as oportunidades que ganhamos e por que é que ganhamos.
Quando não o sabemos, pedimos para telefonarem aos principais clientes, ou pelo menos aos que têm maior confiança, e perguntar-lhes.
Depois é ver quais os critérios que estão em cima da mesa.
Por exemplo, alguns fatores de ponderação poderão ser:
- Temos de concorrer por questões políticas?
- O Cliente permite que reunamos com ele para esclarecer dúvidas e conhecer um pouco mais as suas necessidades?
- Temos produto ou serviço que consiga concorrer com eficácia?
- Os nossos preços são concorrenciais?
- Se não são, existem outros fatores como qualidade de serviço, entrega, suporte pós-venda, ou algo semelhante que possa compensar?
Enfim, como podem imaginar, estas são apenas algumas das situações que analisamos. Consoante o Cliente, o tipo de produto ou serviço e muitos outros fatores, mais poderiam surgir.
Esta semana, pare um pouco para pensar, será que as oportunidades de negócio que tenho em carteira são reais.
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