Na altura de pensar no plano estratégico para o próximo ano, todos os gestores tentam evitar erros estratégicos que podem ser fatais.
No entanto, num mundo complexo e em constante mudança, é difícil antecipar todas as situações que podem ter impacto no nosso negócio.
É vital encontrar os pontos fracos na nossa estratégia antes de a implementar e desenvolver um processo rigoroso que permita antecipar possíveis falhas.
Num artigo publicado por Rick Lynch na Harvard Business Review, este antigo General do exército dos EUA faz a comparação entre o planeamento estratégico duma empresa e o planeamento duma operação militar, sugerindo que, no calor da batalha, um plano estratégico que está incompleto ou simplesmente errado leva a que o líder tenha de tomar decisões rápidas no local, podendo levar ao fracasso da missão e mesmo à perda de vidas.
Segundo este estratega, estas situações são frequentemente um sintoma de ineficiência ou falha na antecipação das acções do adversário ou mudanças ambientais.
O mesmo pode acontecer no mundo empresarial, e a utilização de algumas estratégias militares podem ajudar os gestores a antecipar problemas e a mudar de rumo sempre que julgar necessário.
Criar uma consciência situacional
Do ponto de vista militar, temos uma consciência situacional depois de um soldado ter avaliado o ambiente desde vários pontos estratégicos, concluindo que todas as possíveis alternativas foram levadas em conta.
Da mesma forma, no mundo empresarial é crucial conhecer o mercado em que operamos e todos os factores que o podem afectar.
Uma forma de criar uma consciência situacional no mundo empresarial é considerar realidades alternativas, baseadas em hipóteses menos comuns.
Normalmente utilizamos o que conhecemos do histórico do mercado em que actuamos para realizar as nossas previsões. Ainda que inconscientemente, recorremos ao princípio de Pareto e consideramos que, com a informação que temos disponível, existe uma possibilidade de 80% de acontecer o previsível, e não analisamos o que fica nos restantes 20% de possibilidades.
Se tivermos uma equipa multidisciplinar ou se tivermos diferentes gerações na nossa empresa, podemos obter diferentes abordagens do mesmo fenómeno, pedindo que analisem a situação que lhe colocamos de forma crítica e que nos indiquem possíveis falhas ou diferentes pontos de vista.
Não temos de partilhar com eles toda a estratégia, apenas a informação necessária para poderem formar uma opinião e acrescentar valor ao processo de planeamento.
Por muito absurdas que possam parecer algumas das abordagens, temos de ter em conta que se essa pessoa teve esse raciocínio, mais pessoas o poderão fazer, tornando-se um cenário possível, ainda que pouco provável.
Jogos de guerra
Nada melhor do que simular o cenário de guerra para ver como um soldado vai reagir debaixo de fogo.
Da mesma forma que existem vários simuladores de situações de guerra, também existem múltiplos simuladores de actividades económicas. No entanto, nenhum simulador nos consegue preparar para a realidade, uma vez que não é possível antecipar todas as variáveis com que vamos ter de lidar.
Como um computador não consegue simular a realidade, o melhor é utilizar pessoas para fazerem as simulações, permitindo que elas se adaptem às circunstâncias que lhe vão aparecer e tomem as melhores opções para a situação criada.
Podemos criar na empresa dois grupos de trabalho que simulem as condições que vamos encontrar no mercado, sendo que cada um deles vai analisar e tomar as melhores decisões tendo em conta o cenário proposto. Desta forma podemos testar a nossa estratégia, submetendo-a a várias abordagens e utilizando as ideias geradas num mercado dinâmico e competitivo.
Mais importante do que ter um plano estratégico é testar a sua viabilidade para evitar falhas que comprometam o posicionamento da empresa no mercado.
Podemos testar o plano utilizando os recursos das empresas ou pedir ajuda a consultores que nos ajudem com uma análise diferenciada da estratégia delineada.
Confesso que é uma das minhas actividades favoritas, uma vez que nos obriga a analisar o mercado e fundamentar as nossas observações na diversidade de estratégias disponíveis para a empresa num mercado competitivo, tendo sempre como pano de fundo a teoria do caos.
Ajude-nos a melhorar! Deixe-nos por favor o seu contributo para o tema.