Recorda-se do filme? É verdadeiramente comovente a história de um grupo de soldados que vai resgatar o soldado que está a combater na guerra. Ele é o único filho de um casal que perdeu todos os outros filhos na mesma guerra e o próprio exército acha que o sofrimento de uma mãe tem limites.
A palavra resgate está neste momento na moda e por razões muito sérias. O salvar um país e a sua economia. Não pretendo entrar na discussão do pacote de medidas que estão a ser implementadas, sobre o seu impacto ou justiça. O que sei é que algo deveria ter sido feito há muito tempo, mas como nada se consegue olhando para o passado, temos de olhar para o futuro e aprender com os erros cometidos.
Voltando ao filme, que teve um desfecho doce e amargo em simultâneo, penso muito nas equipas e nas pessoas com quem trabalhamos no dia-a-dia, de forma a resgatar as suas empresas.
O que é mais interessante é que o Ryan não estava à espera de ser salvo, e queria continuar a lutar e a defender o seu país, mesmo depois de saber que passara a ser filho único.
E o que encontramos nas empresas?
O que salvar
Desde a equipa, às vendas, à lista de clientes, às propostas e ao marketing, são muitas as áreas que necessitam de salvação.
O problema é que sem a correcta identificação do que realmente se está a passar, é impossível organizar qualquer missão de salvamento.
Deparamo-nos com muitos responsáveis que recusam aceitar que as coisas estão más ou complicadas, que acreditam que no fundo tudo vai mudar e o sucesso só tarda em chegar. Essa situação pode desgastar a equipa e a empresa.
Enfrente a realidade sem pânicos, mas com frieza e clareza de espírito. Se existirem indicadores de performance implementados, vai ter a noção concreta de quais os problemas, mas acima de tudo da acção correctiva a tomar.
Quando o problema é a taxa de conversão, é de questionar se alteramos o modo de processamento de propostas, se aumentamos a quantidade das mesmas ou de questionar sobre o público-alvo.
Se a equipa está desmotivada, então teremos de nos esforçar para que exista reconhecimento pelo trabalho, espírito de ajuda e de entrega. Não tem de ser apenas a parte monetária que interessa. Costumo perguntar em processos de recrutamento sobre o que o candidato necessita em absoluto para se sentir bem numa empresa e quase 100% afirma que a existência de um rumo ou missão de empresa e o reconhecimento pelo trabalho bem feito fazem TODA a diferença.
Se o resgate é financeiro, nesta altura tudo se questiona. Pare para renegociar contratos, veja o que pode reduzir em termos de custos, consiga a adesão da equipa para poupar em pequenas coisas e ficará admirado com o impacto que esses novos hábitos podem ter nos custos.
Equipa de Salvamento
Se há algo para salvar, então temos de organizar a equipa de salvamento.
No nosso entender, não há uma única maneira de actuar. Existem empresas que optam por pedir apoio externo para ajudar no salvamento. Quando o fazemos, a nossa maior preocupação é conseguir a adesão da equipa no salvamento e fazemos por construir em conjunto as várias estratégias de salvamento. Depois, obviamente, acompanhamos e medimos a progressão no “terreno” da equipa.
Outras empresas optam por organizar um resgate interno, organizam uma equipa de intervenção que não só se vai ocupando de fazer o resgate como de ir medindo o seu sucesso e comunicando o mesmo à restante empresa. Aqui existem algumas “regras”, tais como acreditar que é possível, falar menos e fazer mais, procurar atingir metas pequenas tendo o objectivo máximo em vista e não desistir até que todas as hipóteses estejam testadas.
A liderança adopta nesta fase um papel fundamental, pois só assim é possível manter a equipa unida e orientada.
Qualquer que seja o modelo que escolha adoptar, é obrigatório não ficar parado à espera. A equipa de salvamento pode não saber para onde ir!
E se não tem sucesso?
Ryan não queria abandonar o seu dever para com a nação. Muitas vezes o resgate torna-se complicado, a equipa de salvamento desiste, encontra alguns contratempos ou sofre baixas, mas o acreditar que é possível pode fazer toda a diferença.
Acredito que se damos algo, mais cedo ou mais tarde o universo ocupa-se de nos devolver. Quando se resgata uma equipa, ela procura retribuir aos que a apoiaram. Nunca esquecer que as empresas são organismos vivos que têm de ser cuidados, alimentados, apoiados para continuarem a viver de boa saúde.
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