Uma das questões que habitualmente colocamos aos empresários e gestores com quem trabalhamos é precisamente esta:
“O que é que gostava de alterar na sua empresa?”
Embora pareça simples, muitas vezes provoca reações bastante diversas.
As respostas podem ir do “tudo” até questões mais cirúrgicas, como sendo aumentar as vendas, diminuir os custos, receber a tempo e horas, e por aí adiante…
Mas a resposta que me foi dada esta semana por um quadro de direção de topo de uma grande empresa foi:
“Olhe, não sei. Não sei por onde começar.”
O problema, ou problemas, eram tantos que esta pessoa especificamente já não sabia para onde se havia de virar.
Esta é uma situação que surge bastantes vezes à nossa equipa, nos dias que correm, no terreno.
Com a pandemia, com a diminuição do consumo, com o aumento dos combustíveis, com…
Mas será que tudo isto importa?
No nosso entender, é algo que deve ser levado em consideração, mas que tem de ser tomado como uma nova variável no mercado.
E mesmo sendo a nossa equipa bastante otimista e positiva, tem sido esta variável que temos aconselhado os nossos clientes a manterem nas suas cabeças quando realizam planos e expectativas.
Ou seja, planear para um cenário em que as dificuldades ainda se mantenham por mais algum tempo.
Porquê? Para que se possa planear para o pior e esperar o melhor, como costumamos dizer internamente.
A questão é, voltando ao tema do artigo, como é que podemos alterar algo na empresa neste tipo de clima económico.
Umas das coisas que costumo perguntar às empresas nestas situações é qual a sua Visão e Missão.
“Missão e Visão?”, estará provavelmente a pensar.
Sim, visão e missão, o que queremos validar é se a empresa tem princípios que norteiam a sua atuação ou, na maioria dos casos, se tiveram e já não se lembram deles.
No outro dia, com esse mesmo empresário, enquanto esperava no hall de entrada, como de costume, aproveitei o tempo para entrar em modo de observação.
Ver se as pessoas ainda sorriem na empresa (ainda que só conseguisse perceber através do olhar devido ao uso das máscaras), qual o nível de stress que se ouve nas vozes, o que têm pendurado. E ao olhar para as paredes deparei-me com um quadro onde estava escrita a missão e a visão da empresa.
Não as vou aqui escrever para não divulgar a empresa em causa, mas era algo bastante forte, que denotava uma cultura de excelência perante os seus clientes.
Impressionou-me especialmente a Visão, que denotava um caminho claro, estabelecido talvez já há bastantes anos, fator que se denotava no amarelado do papel e nos maus tratos do tempo que o quadro já tinha bem patentes.
Na reunião, após alguma conversa, uma das questões que coloquei ao empresário foi precisamente sobre a sua Visão e Missão.
Ele fez um ar bastante espantado, como se não as reconhecesse.
Tratava-se de uma empresa que em tempos tinha tido aquela cultura de excelência, mas que agora, com o evoluir dos tempos e a pressão dos números e das margens, a tinha esquecido completamente.
Depois de várias sessões de trabalho com a Direção de Topo, chegámos à conclusão que o que lhes tinha granjeado o sucesso no passado tinham sido precisamente a sua Visão e Missão, que em tempos tinham estado bem explícitas na mente de todos os que ali trabalhavam.
Após algumas deliberações com a Direção, chegámos ao consenso de que as mudanças a operar, razão pela qual tínhamos sido contratados, seriam baseadas nisso mesmo.
Voltar ao básico, que na prática não tinha mesmo nada de básico, e reorientar novamente a empresa segundo a missão e visão estabelecidas há cinco anos.
Após reunião geral com todas as pessoas, foram estabelecidos 3 grupos de trabalho, sendo que em todos existia uma mescla de pessoas novas com pessoas do tempo em que a missão e a visão da empresa eram reis e rainhas dentro de portas.
No espaço de 3 meses começámos a ver mudanças e a reação dos clientes foi especialmente recompensadora.
Ao reorientar a empresa pela cultura de excelência e serviço ao cliente que antes lhes granjearam o seu sucesso, começaram lentamente a ganhar terreno face à concorrência.
Hoje em dia a empresa ainda não está fora do vermelho, mas apresenta já sinais de recuperação bastante sólidos, tendo inclusive sido capaz de voltar a ter o apoio da banca e um novo alento em termos financeiros.
Diga-me uma coisa, e a sua empresa?
Também tem um quadro com a Missão e a Visão já um pouco amarelado, perdido numa parede algures nas suas instalações?
Esta semana pare um pouco para pensar, reveja especialmente quais foram as principais mudanças dos tempos áureos da empresa para agora e reponha a sua empresa no caminho do sucesso.
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