Um dos fenómenos mais comuns nos ecossistemas das empresas e no tema da negatividade, tem a ver com a vivência e convivência de todo o tipo de espécies.
Hoje, na nossa edição do “National Geographic”, gostaria de me centrar na espécie Urubu.
Um dos fenómenos mais comuns nos ecossistemas das empresas tem a ver com a vivência e convivência de todo o tipo de espécies.
Hoje, na nossa edição do “National Geographic”, gostaria de me centrar na espécie Urubu.
Pelo nome não deve estar a ver quem são, mas se eu começar a descrevê-los talvez identifique uns quantos na sua empresa.
Vestem normalmente de negro, ou não.
Chegam de manhã, trazendo atrás de si um rasto de destruição emocional, eléctrica e biológica.
Quando passam, as luzes fundem-se, as plantas murcham e de repente todos à sua volta começam a sentir os efeitos nefastos das suas palavras ou, melhor dizendo, das suas corrosivas.
É de facto uma espécie estranha.
Quando à sexta-feira estamos todos contentes porque o fim-de-semana está à porta e caímos na asneira de comentar esse facto com eles, o seu comentário típico passa por algo do género:
“Só faltam dois dias para segunda-feira”.
Esta espécie tem também características vampíricas.
Quando lhes falamos de um eventual projecto com o qual estamos entusiasmados, têm sempre uma palavra “simpática” para o deitar por terra.
Mas sempre com a “melhor” das intenções.
Já os identificou?
Claro que sim.
Agora num registo um pouco mais sério.
Este tipo de pessoas normalmente não se dá conta do mal que provoca nas empresas.
As pessoas têm uma capacidade inata de influenciar positiva ou negativamente as pessoas à sua volta com a sua energia e com o seu estado de espírito.
Se não tomamos nota do nosso registo emocional e o deixamos vaguear livremente, mais cedo ou mais tarde podemos estar a tirar a energia de que a nossa empresa tanto necessita.
Como líderes, temos de dar atenção ao facto de que o exemplo tem de vir de cima.
Temos na nossa mão a capacidade para motivar, mas também para desmotivar com a mesma facilidade.
Se os líderes devem ser seguidos, principalmente pelo exemplo, que liderados acha que iremos ter caso não tenhamos a capacidade para gerir o nosso estado emocional?
Claro!
Vai ser um pouco complicado.
A gestão emocional do líder pode ser tão simples como não “despejarmos” as nossas frustrações em cima dos liderados, ou tão complexa como não deixarmos transparecer para baixo questões mais complexas que estejam a existir.
Por vezes o trabalho do líder é precisamente conseguir funcionar como almofada para “pancadas” maiores que venham dos lados ou de cima.
Este escudo que o líder propicia à sua equipa é por vezes fundamental ao bom funcionamento da mesma.
Em muitas situações do meu passado como gestor tive precisamente de adoptar esta postura.
A do “Farol”, que guia o barco através da tempestade.
E por vezes é precisamente em momentos de tempestade que os líderes se afirmam ou se forjam de uma forma mais eficaz.
E quando troveja e o mar fica agitado é quando surgem com mais frequência os “Urubus”.
Sejam eles o líder, que não aguenta a pressão emocional da situação e a descarrega na sua equipa, seja no seio da equipa algum dos elementos que por medo se erga como um “Urubu”.
Numa situação normal dir-se-ia que o melhor a fazer com estas pessoas é afastá-las da equipa.
Normalmente contagiam o ambiente da equipa e funcionam como forças de bloqueio quando queremos levar o barco a bom porto.
Mas numa situação de crise normalmente esta não é uma situação viável.
A única forma é jogar com os elementos que temos, melhores ou piores.
Caso a pessoa em questão até tenha valor, uma das formas de lidar com ela é precisamente trazê-la para o nosso lado e dar-lhe responsabilidade.
Provavelmente está a pensar:
“Mas, e ele não vai estragar tudo?”
Provavelmente sim.
Provavelmente teremos ainda de lidar com a frustração dos outros elementos da equipa por termos dado a responsabilidade ao “Urubu” e não a eles, que até são melhores.
Mas por vezes é um mal necessário.
Ao “forçá-lo” a uma responsabilidade, podem ocorrer duas situações:
– Ele até cumpre e temos o problema resolvido
– Ele não cumpre e a sua influência sobre a equipa fica bastante reduzida
É claro que é uma situação de compromisso, mas em situações de crise trata-se precisamente disso.
Compromisso.
Nestas situações, como líder, ajuda perceber a forma como os nossos liderados funcionam como pessoas, o que é que as faz correr, e, acima de tudo, como criar empatia com cada um deles é fundamental.
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