Hoje é dia de abrir uma excepção e falar de política! Calma, não entrámos em campanha e nem vou emitir qualquer tipo de juízo ou preferência, vou apenas constatar um facto que me saltou à vista com a comunicação que esta noite foi feita ao país, estrategicamente colocada no intervalo de um jogo entre o Real Madrid e o Barcelona, em que alguém durante uns minutos só debitou boas notícias.
E cheguei a esta conclusão, de facto, ninguém gosta de más notícias! Mas saber que certos cortes não vão acontecer, que o cenário não é tão negro, que afinal o 13.º mês não desaparece, que a ajuda será de 3 anos, que as tais obrigações do tesouro são boato, etc., etc., dei por mim a questionar… então, afinal, o que vai acontecer? Fica para depois do jogo de futebol.
E por aqui encerro o momento político, fazendo agora o paralelismo desta situação com o que observamos nas empresas.
E nas empresas muitas vezes acontece exactamente o mesmo. As más noticias são más de dar e de ouvir, ninguém gosta de ser o portador da desgraça, nem o mensageiro que transmite as informações mais pesadas e complicadas e que, no fundo, ninguém quer escutar.
As boas notícias têm a porta aberta a qualquer hora, são sempre bem-vindas, mesmo quando não são assim tão boas ou estão rodeadas de consequências.
Porquê dar as más notícias?
Ao trabalharmos com equipas, observamos muitas vezes este receio das chefias: dar más notícias. E as questões que nos colocam perante essa eventualidade são: Porque será que as temos de dar? E se a equipa se desmotiva? E se acham que estamos a exagerar?
Penso que o que falta a muitas equipas é uma versão real dos factos, uma demonstração ou abordagem, sem filtros, nua e crua da realidade, para que possam dessa forma erguer a cabeço, recuperar e “dar luta”.
Quando a sua equipa entende, de facto, o que se passa na empresa, o porquê de certas atitudes e tomadas de decisão por parte das chefias, o grau de exigência e de urgência que é posto nas estratégias e nas medições, sente-se mais envolvida. Sente que existe um motivo para o que fazem, o porquê das suas acções é mais palpável e o envolvimento no processo de criar um novo futuro é maior.
Como dar más notícias
Sem alarmismos, de forma simples e segura. Se der mostras de nervosismo e stress acima do normal, não só as notícias serão motivo de preocupação, como também a sua maneira de estar provocará alguma angústia na equipa.
Acima de tudo, seja frontal e sincero. As equipas precisam desse comportamento da sua parte. Ninguém é perfeito e reconhecer a necessidade de ajuda é das maiores provas de liderança que pode dar à sua equipa.
Aconselhamos, no entanto, a que não dê apenas as más notícias e fuja! Dê as boas notícias também, e se não houver boas notícias, comece nesse mesmo dia a construir um futuro novo com a sua equipa. Analisem friamente e sem apontar culpas a ninguém o que de facto está a correr mal e o que pode ser melhorado num futuro imediato. Depois então fará o acompanhamento correcto aos planos de melhoria que forem implementados.
E as boas notícias?
Pois, apesar de tudo, ainda há pessoas que preferem não dar as boas notícias ou não as celebrar convenientemente com medo que a equipa se desfoque, que se entusiasme demais e descuide o serviço que presta.
Nunca é mau dar boas notícias, cuidado com os “mas” que muitas vezes se utiliza após a boa notícia, por exemplo “fizemos um bom mês, mas não chegou para cobrir o objectivo previsto”. O “mas” anula tudo o que está para trás e só se irão recordar que não foi suficiente.
Esta abordagem às boas e más notícias só custa as primeiras vezes, depois segue em velocidade de cruzeiro.
Trabalhamos em termos de chefias para apoiar este tipo de acção encadeado noutras que possam surgir a seguir e que vão ao encontro de aumentar o foco, a motivação e o entusiasmo das equipas com quem trabalha.
Ajude-nos a melhorar! Deixe-nos por favor o seu contributo para o tema.