Afinal de contas o que é que nos motiva?
Ao longo dos últimos anos assistiu-se em Portugal ao proliferar de um conjunto de livros, cursos e outras matérias que visam falar sobre a motivação e resiliência.
Não é que isso esteja errado, pelo menos não na maior parte dos casos. No entanto, o que noto é que muitos dos sistemas que se apresentam são de índole muito americanizada e não consideram os tempos em que vivemos e as suas condicionantes. Muitos destes sistemas deixam de lado o facto de que, como indivíduos, todos somos diferentes. No que diz respeito à motivação e resiliência, gosto mais de abordar o assunto mostrando as diferentes variáveis que influenciam a nossa motivação e capacidade de resiliência e deixar ao critério de cada um experimentar o que funciona em si e, acima de tudo, nas diferentes áreas da sua vida.
Da mesma forma que duas pessoas diferentes podem ou não se motivar da mesma forma, existe além disso outra variante. No meu trabalho direto como “executive coach”, noto que a forma das pessoas se motivarem varia também de faceta para faceta ou, se quiserem, nas diferentes áreas da sua vida.
No meu entender, o que nos motiva é diferente de área para área da nossa vida, mas tudo acaba por estar interligado numa teia quase que impercetível, como iremos descobrir.
A importância do foco e da resiliência
No meu contacto diário com comerciais, uma das coisas que mais me apaixona é descobrir o que faz a diferença entre um bom comercial e um comercial médio.
Se me perguntarem qual o foi o fator-chave que eu descobri em todos estes anos de trabalho, trata-se apenas de um.
Um bom comercial sabe muito bem o que quer da vida!
Agora, por incrível que pareça, o que ele quer da vida não tem nada a ver com as metas e objetivos que a empresa coloca-lhe em termos comerciais. Para ele, os objetivos comerciais que a empresa propõe-lhe são apenas uma ferramenta para ele atingir os seus próprios objetivos.
Para mim tanto é válida a pessoa que quer ser rica, como a que quer um “Ferrari”, como a que quer pura e simplesmente juntar algum dinheiro para estar descansado quando se reformar e não estar preocupado com a possibilidade de a Segurança Social estar falida.
Desde que esse algo exista, ele faz uma diferença fundamental na forma como as pessoas se comportam em termos de motivação e até em termos de resiliência.
Já referi várias vezes a palavra resiliência, e muitas vezes perguntam-me em contexto de formação o que é isto da resiliência. A melhor forma que tenho de a definir em termos simples e de fácil compreensão é a capacidade que as pessoas têm de cair e se levantar sistematicamente ao longo da sua vida.
A grande característica das pessoas com metas bem definidas na sua vida é que, quando caem, facilmente se levantam e dizem:
“Caí, caí, mas existem mais trezentas portas para bater, vamos a isso!”
Ao contrário das pessoas que não sabem muito bem o que querem da vida, que caem e ficam ali uns tempos a “marinar”, um pouco desorientadas.
Uso muitas vezes na formação a figura de um veleiro como exemplo deste processo.
Quando um veleiro vai do ponto A para o ponto B, vai a direito?
Tirando algumas situações excecionais, não! Segundo dizem os especialistas, que eu não sou, um veleiro vai à bolina. O que acontece é que ele apanha uma pancada da vida e vai para a direita, uma pancada da vida e vai para a esquerda, uma pancada da vida e vai para a direita…, ele chega ao seu destino, não chega é a direito.
A importância das metas e objetivos claros nas nossas vidas é precisamente esta. É dar-nos a capacidade de termos um porto de chegada para o qual, mesmo com alguma dificuldade face às situações que vivemos, nos direcionamos.
Eu sei que existem pessoas na vida que dizem:
“Eu quero é ser feliz!”
Não há nada de errado nisto, mas conhecem alguém – a não ser que se trate de um caso clínico – que não queira ser feliz?
Claro que não! A questão não é a felicidade. A questão é o que é que para estas pessoas compõe a felicidade.
É a família bem cuidada e os miúdos felizes e numa boa escola para poderem ter um futuro de oportunidades? É o quê, especificamente?
Quanto mais claro tudo isto for em nós, mais facilmente todos os processos necessários para a nossa capacidade de motivação e resiliência estarão presentes nas nossas vidas.
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