Poderá pensar: o que é isto das “necessidades humanas” e como é que se interligam com a motivação e com a forma como devemos motivar a nossa equipa?
Para começarmos a analisar por que razão fazemos o que fazemos na vida, teremos obrigatoriamente de passar pelo trabalho do Anthony Robbins.
Se pensarmos nas teorias da Motivação de Maslow e na sua famosa pirâmide de necessidades, lembramo-nos que ele dizia que o ser humano tinha determinadas necessidades básicas que, segundo ele, estavam organizadas numa série de fatias, e que quando uma dessas necessidades era satisfeita a mesma deixava de nos motivar e passávamos a ser motivados por necessidades acima.
Ora bem, o trabalho do Anthony Robbins leva este conceito muito mais além e permite-nos perceber de uma forma simples alguns dos fatores que contribuem para o nosso grau de motivação em cada situação ou área de vida.
Segundo Tony Robbins, as seis necessidades humanas são:
- Certeza ou conforto
- Incerteza ou novidade
- Significância
- Conexão ou amor
- Crescimento
- Contribuição
Segundo ele, as primeiras quatro necessidades – certeza, incerteza, significância e conexão – estão presentes em todas as pessoas. Já as duas últimas nem sempre.
No entanto, não podemos olhar para as necessidades humanas como existindo ou não, na prática, o que acontece é que funcionam como uma escala. Ou seja, imaginem, por exemplo, numa escala de 1 a 10. Posso ter 8 na certeza e 4 na incerteza ou em qualquer das outras necessidades.
No meu trabalho direto com as pessoas tenho verificado a validade desta teoria diariamente e ela tem sido valiosa para perceber, em situações mais complexas, o que é que faz mover as pessoas.
Vamos então analisar cada uma das necessidades.
1. Certeza
Como seres humanos, temos necessidade de ter algum grau de certeza na nossa vida, como, por exemplo, chegarmos a casa e sabermos que temos as nossas coisas, o nosso conforto, a família, o carro, que temos um ordenado ao final do mês.
2. Incerteza
Da mesma forma temos necessidade de incerteza ou novidade. Se assim não fosse, a vida na maior parte das situações seria muito monótona e “cinzentona”.
Por isso é que algumas pessoas têm necessidade de estar constantemente a fazer coisas novas, novos desafios, enquanto que outras nem para aí estão viradas.
3. Significância
Temos também necessidade de significância, ou seja, de nos sentirmos importantes, especiais, apreciados pelos outros, de brilharmos, embora em extremo esta necessidade se possa apresentar como algo negativo, principalmente a nível do EGO.
4. Conexão
Todos temos necessidade de algum tipo de ligação aos outros. Quer seja numa relação íntima, quer seja na ligação aos nossos amigos ou colegas de trabalho. Esta necessidade está diretamente ligada à necessidade anterior, ou seja, quanto mais nos sentimos diferentes menos nos sentimos ligados aos outros e vice-versa.
5. Crescimento
Na vida quase tudo está a crescer ou a morrer. Com os seres humanos passa-se o mesmo. Embora esta necessidade nem sempre esteja presente de uma forma muito acentuada nas pessoas à nossa volta, quando está presente impele-nos a querer ser melhores, a aprender, a evoluir e a fazer coisas novas, mas numa onda de aprendizagem e evolução. Quando tal não acontece sentimo-nos muitas vezes estagnados.
6. Contribuição
Para além de nós, existe também a necessidade de estarmos a contribuir para os outros, ou para algo maior do que nós. Não é à toa que muitas das pessoas e empresas hoje em dia se envolvem em ações de solidariedade social. Embora não esteja também presente de forma muito acentuada nas pessoas à nossa volta, quando existe é uma força motriz interna muito eficaz e faz-nos fazer coisas que se calhar para nós próprios não faríamos.
E agora? Que fazer com tudo isto?
Como é que esta teoria pode impactar de forma positiva ou negativa a nossa motivação ou resiliência ou a forma de motivar os elementos da nossa equipa?
Vamos então analisar alguns casos.
Imagine uma pessoa que tem, por exemplo, uma necessidade de certeza na sua vida muito alta, um nove de um a dez, e uma baixa necessidade de incerteza, no caso um dois.
Coloquemos agora esta pessoa numa profissão de comercial, onde o seu foco principal tem de ser a angariação de novos clientes, com muito trabalho de prospeção. O que é que acha que vai acontecer?
Acha que ela se vai sentir motivada para o fazer? Principalmente nos tempos que correm, em que o fator incerteza é muito mais exacerbado na vida de um comercial?
Na maior parte dos casos, não. Ou seja, ao ter a sua necessidade de certeza “violada”, o que vai acontecer é que, sem que ela se aperceba, vai lutar de uma forma inconsciente contra o processo.
Imaginemos agora a situação inversa: uma pessoa com um alto grau de incerteza ou novidade na sua vida e baixo grau de certeza. Imaginemos que lhe é dado um trabalho com muita burocracia, onde tem de estar sentado atrás de uma secretária a validar números e a carimbar papéis.
Acha que vai estar motivada? Provavelmente não.
Estes casos servem também para as restantes necessidades humanas! Por exemplo, se eu tenho um alto grau de necessidade ou conexão e o ambiente de trabalho da minha empresa é de “cortar à faca”, isso terá claramente um impacto no meu grau de motivação.
Então, como pode ver, por vezes existem fatores quase que “invisíveis” que podem influenciar a forma como eu me motivo e que têm de ser levados em linha de conta no processo global da motivação e resiliência.
Da mesma forma que as necessidades humanas o influenciam e estão presentes na sua vida, também o estão na vida das pessoas que lidera.
Assim, se a tarefa que está a confiar aos seus colaboradores for ao encontro das suas necessidades humanas, é provável que a executem sem grande necessidade de motivação externa da sua parte. Agora, se tal não for o caso…
Esta semana pare um pouco para pensar:
“Será que estou a aproveitar corretamente as pessoas que tenho na minha equipa no que diz respeito às suas necessidades humanas, características e motivação?”
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