Quando falamos de Liderança no Feminino é indiscutível que para que a paridade saia dos relatórios, das estatísticas, das quotas exigidas às empresas, muito há ainda que mudar.
Apesar de já serem muitos os homens que dizem que valorizam ter elementos femininos nas equipas, para além dos relacionamentos e de até lhes acharem graça, não deixa de ser verdade que alguns deles continuam a não as levar demasiado a sério e a preferir pertencer a uma equipa de homens… Por outro lado, em casa, muitas são as mulheres que ainda vão pedindo às caras-metades ajuda para aprontar qualquer coisa para o jantar ou adiantar o banho das crianças, quando tiveram também o dia todo fora a trabalhar, provavelmente uma jornada igualmente exigente e desafiante! Se o estereótipo dos papéis domésticos não fosse delas, não precisariam de solicitar a ajuda deles…
O que, felizmente, não quer dizer que com alguns homens, com algumas famílias e mesmo em algumas empresas as coisas não sejam já bem diferentes. Quando deixar globalmente de ser assim, também na cabeça delas, provavelmente não precisaremos de ter um Dia da Mulher para celebrar…
Elas, clones deles…
… e de outras elas?! O que querem elas ser quando chegam a líderes?
Será que a mulher quer ser tão boa líder como o seu antecessor ou a sua antecessora? Será que elas sentem pressão para estarem igualmente à altura do desafio que já foi de outros ou é a sua vontade de serem melhores que as move?
Por vezes, o não ambicionar claramente ser melhor, para além de não incutir a necessidade de ser diferente, pode levar a uma certa masculinização de comportamentos e atitudes. E isto acontece tanto mais, quanto mais elas tiverem no meio deles… da postura ao ditar de “ordens”, da linguagem às piadas de circunstância, há situações em que parece que todos vestiram gravata.
A prioridade em vencer-se a si ou vencer outros é fruto da educação, da ambição e dos valores de cada um e não tanto do género. Se não usarmos o nosso carisma, a nossa maneira diferenciadora de ser e de agir, estaremos sempre a comparar-nos com alguém… e, naturalmente, a permitir que outros o façam. Na mulher, como ainda é menos comum que esteja em posições de liderança, os outros à sua volta só vão estar mais predispostos a tais comparações…
Quando se sobe o degrau, é preciso ter confiança de que foi perfeitamente legítimo fazê-lo e que o desafio foi merecido. É normal que os outros estejam à espreita…, mas cada líder tem que estar à espreita de si próprio e muito mais preocupado em como continuar com sucesso nesse degrau ou em como subir para o seguinte.
Decisões no feminino…
E quando elas chegam ao topo, como é que mandam? Eles estranham as primeiras directrizes de uma nova líder mulher? Se são maioritariamente eles que dizem que lá em casa mandam elas, porque haveriam de estranhar que elas mandem também nas empresas?
Há muito que se brinca que a mulher escolhe a cor do carro e dos estofos, o que é certo é que os vendedores de automóveis já perceberam a quem é que têm que vender o veículo quando um casal entra num stand… Se há bem pouco tempo eram eles que gostavam de gadgets, agora os fabricantes tornaram os gadgets mais femininos para que elas precisem deles… Gradualmente a sociedade tem vindo a modelar-se para receber o papel interventivo de decisão delas nas mais diversas esferas.
E vai já longe o tempo em que tudo era tão certo como a analogia Mulher-Golfinho, Homem-Tubarão! Todos sabemos que há homens com grande sensibilidade e mulheres com um estilo mais duro, até bastante “pressionador”.
Não há competências só femininas nem competências só masculinas. A inteligência emocional da mulher permite-lhe, é certo, uma maior capacidade na gestão dos relacionamentos, no criar de empatia, no inspirar o outro a fazer com ela. Mas isso facilita o processo, não dá 100% de garantia de sucesso, e muito menos da longevidade deste…
As mulheres não são melhores líderes que os homens ou vice-versa; há excelentes líderes, muitos eles e muitas elas, nos mais diversos domínios da sociedade, que aprenderam a lidar com inúmeras situações e a contextualizar a forma mais eficaz como comunicam, como inspiram, como conduzem as suas equipas.
Nas horas difíceis ou de maior exigência, as empresas prosperam como os timoneiros que tiverem a capacidade de indicar a direcção, de seguir em frente quando mais ninguém o faz. Se elas têm mais salero, mais savoir faire para convencer as equipas, se eles adoptam uma abordagem mais murro na mesa, o importante é que as sensibilidades de liderança situacional estejam bem patentes.
Não podemos ser igualmente bem sucedidos a resolver situações distintas sempre da mesma maneira, não podemos contar com o sucesso de uma iniciativa numa equipa, só porque já passámos pelo processo com outro grupo no passado e correu bem. As equipas têm maturidades distintas, os seus elementos estão em estádios diferentes.
Qualquer um de nós, ele ou ela, pode tornar-se líder de um dia para o outro, mas isso não faz de ninguém um bom líder… Se outros aprenderam a fazê-lo, de que é que estamos à espera? Ninguém nasce um líder!
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