Esta semana, numa das reuniões de diagnóstico com uma Equipa, pedi-lhes feedback sobre diversos aspectos, nomeadamente sobre a Comunicação e a Liderança. Trata-se de uma organização na área do retalho, e a sessão de trabalho decorreu em subgrupos, para não se ter que fechar o espaço ao público.
Senti que foi para eles como que um alívio e uma oportunidade escassa poderem dar-se a ouvir, foi muito rico pela minha parte poder escutar…
A meio do segundo grupo já me questionava se trabalhariam todos na mesma empresa, e ainda não tinham vindo os grupos seguintes!
Será diferente nas nossas empresas?
Ouvir em dobro
Nós falamos, falamos, às vezes até debitamos um bocadinho, e parece que nada acontece. Mas será que alguém nas nossas Equipas realmente ouve? Será que este registo vale a pena? Cansa, baixamos os braços e há até quem desista…
Mas, enquanto líder, pode dar-se ao luxo de desistir? Então há quanto tempo não se dispõe a escutar?
“Se a natureza nos deu dois olhos, dois ouvidos e uma só boca, é para vermos e ouvirmos o dobro do que falamos” – Zenão de Eleia
Eu sei o que está a pensar… Pois!
Escutar é estarmos disponíveis para ouvir o que queremos e o que não queremos ouvir, mas isso é respeitar a opinião e a percepção do outro, por mais diferente que possa ser da nossa… Há é que construir em cima das situações, para não se entrar em modo lamechas ou num registo negativo que não nos leve a lado nenhum!
Escutar permite-nos ter uma visão mais abrangente, para depois podermos filtrar e focar-nos no como vamos agir, orientar e envolver… é aqui claramente que começa o coaching e o desenvolvimento das nossas Equipas.
Virar sanduíche…
A certa altura, uma das chefias intermédias dizia-me: “Eu percebo uns e outros, quero estar do lado de todos, temos é que andar para a frente! Sinto-me entalada… a pôr paninhos quentes a toda a hora”.
Qual lado?! Não me diga que na sua empresa há dois lados? Ainda podemos funcionar assim? Onde é que isso nos leva? Andamos preocupados em derrubar paredes ou a construir Futuro?
Não há mal nenhum em termos elementos conciliadores nas empresas, agora o foco tem que estar no negócio, não pode estar no esconder dos ruídos…
Chamamos a este tipo de situações nas Empresas Síndroma da Sanduíche, ou seja, termos situações em que o foco da liderança intermédia se desvia do negócio e do levar a sua equipa mais além, para procurar fazer a ponte de interesses entre a Gestão de Topo e os Colaboradores. Para quem o faz, não é nada fácil, muito menos gratificante ou produtivo.
Nestas situações o desalinhamento e a falta de compromisso de alguns elementos da equipa podem comprometer a motivação do todo, a produtividade e até o rumo da empresa.
Alguns dias antes desta reunião, um dos directores tinha-me dito: “Eu ouço outros empresários a queixar-se do mercado, das margens, do Governo. Aqui, para mim, o mais difícil são as pessoas, estou cansado de ser só eu a remar”.
Ninguém disse que liderar era fácil, mas é, mais do que nunca, urgente liderar bem!
Diálogo a quanto obrigas…
Liderar não é gerir pessoas, é gerir as tarefas que as pessoas executam… só que a motivação de cada um em torno da tarefa é tão, tão distinta. Há que saber por que é que cada um corre, e para isso é preciso conhecer!
E ninguém lidera sem comunicar, sem comunicar de forma sustentada e periódica com o grupo de trabalho, sem comunicar aqui e ali com cada colaborador num registo informal e próximo.
Conversar sobre as coisas continua a ser o melhor remédio… mas atenção, nada de “serrar presunto” (desculpem-me a expressão), gritos ou murros na mesa e abandonar o barco!
Sejam boas ou más as notícias, haja ou não coisas para dizer (ou vontade…), é crítico reunir com a Equipa mensal ou trimestralmente, falar do rumo a seguir, das estratégias adoptadas, explicar as decisões mais críticas, antecipar algumas situações, envolver os colaboradores no que se pretende fazer, para que saibam o que é esperado deles. Só assim é possível que alguém se comprometa…
Também periodicamente, nem que seja ano a ano, importa dizer a cada um o que correu bem, o que deve correr melhor e perceber como podemos ajudar ou que ferramentas cada um precisa para melhorar o seu desempenho no futuro.
E, já agora, importa dar os Parabéns, dizer “Bom trabalho”, agradecer pela quota-parte de responsabilidade no que for correndo bem.
Nesta empresa de que vos venho a falar, a Equipa foi unânime em comentar que, relativamente a feedback, sabiam sempre (e só) quando o mês era mau, ou quando tinham feito algo errado…
E a si, custa-lhe agradecer?
Não podemos mais ter o brilho no olhar das nossas pessoas naquilo que a empresa era ou no que elas faziam há 4 ou 5 anos atrás… Ou consegue conduzir só a olhar para o retrovisor?
Há que trazer perspectiva, alento, recuperar a garra, para que cada um, a cada hoje, chegue à Empresa motivado e focado naquilo que precisa fazer acontecer.
Vamos inspirar e contagiar a nossa Equipa?!
Porque também nós estamos comprometidos com o seu sucesso, venha saber tudo sobre os nossos Programas de Liderança e de Business Coaching e em que medida o podemos ajudar nesta vertente.
Ajude-nos a melhorar! Deixe-nos por favor o seu contributo para o tema.