Quanto tempo aguenta a puxar o barco?
Em tempos difíceis, puxar o barco, ou se quiser a empresa, torna-se um fardo cada vez maior. Maior ao ponto de as nossas costas ficarem tensas, os músculos cansados e começarmos a abrandar.
Ao abrandarmos começamos a desligar-nos e muitas vezes a pensar que o ideal seria um milagre…
Um milagre como alguém comprar a empresa ou entrar no capital social ou algo do género.
A questão é: será que isso irá acontecer?
Na maior parte dos casos não!
A única coisa que isto nos vai proporcionar é um adiar das atitudes, ações ou dinâmicas que terão de ser postas em curso para resolver os problemas ou, pelo menos, minorá-los nesta fase.
Então poderemos pensar… como líder, qual será a atitude correta a tomar?
Será que o peso da armadura que carregamos todos os dias, que temos o cuidado de polir para que o brilho da mesma não desapareça, impede as pessoas de ver o que se passa lá por dentro?
Será que se as pessoas que estão à minha volta soubessem o que eu de facto penso como líder continuariam a seguir-me?
Boa pergunta, provavelmente vinda do meu inconsciente de alguma sessão de coaching que fiz no passado.
Eu diria que depende do tipo de pessoas que tenho a bordo do meu barco.
Nos dias que correm encontro muitos líderes de armadura reluzente. E posso dizer-vos que os modelos das armaduras deles são de última geração e muito brilhantes… diria até um mimo.
No entanto, quando a despem e apresentam-se como pessoas normais, a visão que temos é outra completamente diferente.
Se estivermos a falar de uma crise passageira, este tipo de atitude é útil, por permitir que as pessoas que lideramos nos sigam e se sintam inspiradas em dar o seu melhor para ultrapassarmos a tempestade.
Agora, e se a tempestade se prolonga por um ano, dois anos, três anos…?
Será que esta continua a ser a atitude correta?
No meu entender, não.
Liderar é também por vezes mostrarmos que somos humanos. Que podemos estar bem, mas também temos o direito de estar mal, de irmos abaixo e voltarmo-nos a erguer.
Eu diria que quando as pessoas à nossa volta são tão perfeitas que dá a impressão que o seu “estado” é inatingível, eu, como liderado, tenho tendência a adotar internamente a atitude de “Por mais que me esforce, duvido que algum dia seja como ele…”
Acho muito mais importante que uma pessoa que trabalhe comigo, veja que posso ir abaixo, mas que rapidamente me levanto e continuo a lutar, do que tenha a ilusão de que sou um líder que está sempre lá em cima.
Agora, será que esta é uma atitude fácil a ter no domínio da liderança?
Com tanto medo e incerteza a respeito do valor próprio que anda por aí em quadros de liderança por este Portugal, claramente diria que não.
Até porque posso pensar:
“Se demonstro parte de fraco…”
Por outro lado, poderíamos pensar, se a equipa tem sempre um líder à frente que trata de tudo… porque é que algum dia haveria de se esforçar?
Por vezes ser líder é também mostrar que temos alguém cá dentro que falha, que chora, que ri, que cai, que consegue errar, mas também que é alguém que consegue admitir que errou, pedir desculpa e acima de tudo de se levantar e continuar a lutar por si e por toda a tripulação do barco.
Esta semana pare um pouco para pensar:
“Será que está na altura de deixar a armadura no armário?”
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