Por um dia, vamos ousar fazer de conta… fazer de conta que abdicamos da nossa posição, da nossa função de chefia ou de liderança, até de alguma pressão emocional.
Há dias em que dávamos tudo para ser outra pessoa… E se hoje fosse o dia? Vamos experimentar sair da nossa posição de perceção habitual das situações, para nos colocarmos na situação dos nossos colaboradores, dos nossos subordinados.
Ver as coisas de outro prisma, sem os nossos vícios, é sempre interessante. É como colocar os óculos 3D para ver o filme todo…
Faz de conta que não pode falar…
Desafio #1: Escutar mais
Se fomos criados com duas orelhas e uma boca, talvez esta proporção tenha algum significado, não?!
Claro que não é o seu caso, mas há pessoas que andam tão preocupadas com o que têm para dizer, que nem se lembram de escutar os outros (às vezes nem se ouvem a elas próprias sequer…).
Uma das maiores insatisfações das pessoas nas empresas é não ter voz ativa, não ser chamado a dar opinião, não poder questionar ou clarificar alguns porquês, não poder expressar-se. Para alguns, o líder é o chefe que, de certa forma, está inacessível.
Porque é que havemos de pensar que escutar os outros é uma perda de tempo? Se for, também o saberá cortar… Às vezes é incómodo, temos que estar preparados para receber feedback, para ouvir opiniões divergentes, para não as julgar no imediato.
Mas a questão é que se não há confiança para falar abertamente sobre as coisas, a equipa não cresce. E gerir as coisas sem considerar outras vertentes pode acabar numa gestão cega, unilateral…
Faz de conta que não pode dar ideias…
Desafio #2: Envolver mais
Nunca se sentiu frustrado porque a sua equipa nunca dá ideias? É como se passasse a vida a vender as suas ideias e desse tudo para comprar uma ideia que fosse à sua equipa?
Não me diga que tem a sensação de que se o timoneiro se ausentasse nada mais de novo iria surgir…
Pois, aqui as notícias que temos para si são que as pessoas se não forem estimuladas a pensar e a contribuir, não o fazer passa a ser… o normal, a rotina. Quem, de forma inata, o faria, fecha-se, e os outros até agradecem por poderem permanecer na zona de conforto.
Como estamos a valorizar e a desafiar a nossa equipa? Não conseguimos motivar e comprometer mais, se não envolvermos mais…
Lançar sistematicamente alguns desafios para se pensar fora da caixa pode ser um meio para atingir esse objetivo:
- Criar focus groups para pensar determinadas situações críticas
- Nomear champions para desenvolver certos produtos ou soluções
- Criar grupos de partilha de casos de sucesso
- Nivelar a formação ministrada internamente e no exterior
- Fazer brainstormings periódicos para pensar novas áreas de atuação
Será preciso que as empresas tenham uma dimensão muito grande para termos direito a falar em capital intelectual? Uma empresa de quarenta ou oitenta pessoas não saberá que o seu maior ativo são as pessoas? Então, o que estaremos a desperdiçar se não lhes dermos voz?
Faz de conta que não pode ser negativo…
Desafio #3: O que está nas nossas mãos fazer?
Faz de conta que lhe deram um pincel e um balde de tinta de mil cores, para colorir o que o rodeia. Que tela escolheria pintar?
Curioso, não?!
Às vezes vemos tudo muito cinzento… Não vale a pena pensar no que não tem, no que não consegue, no que a sorte não lhe traz, no momento mau que o mercado atravessa, no quanto era mais fácil antes, etc., etc.
Será que não ajudava pôr de lado a inflação, o novo governo, as dezenas de vozinhas que lhe sussurram ao ouvido “’tá mau”, “’tá difícil”, “’tás tramado”…? Está, de facto, mas para todos. Por isso, vai lamentar-se ou vai andar para a frente? É que não dá para focalizar nas duas coisas!
Pense no que está ao seu alcance atingir com o que tem, com o que sabe fazer melhor do que ninguém, pense no que o pode diferenciar efetivamente, no líder que a sua equipa precisa e no líder que está a ser, naquela ideia que não implementou porque não teve coragem.
Não podemos melhorar a nossa gestão e liderar as nossas equipas noutro patamar se não tivermos a percepção adequada do que elas vivem e sentem no dia a dia, se não fizermos um esforço acrescido por sair de nós.
E, se esta experiência for suficientemente desafiante, repita-a de vez em quando: ouvir mais, dar mais voz aos outros, fazer o exercício de ser mais positivo. A transformação que queremos ver nos outros tem sempre que começar em cada um…
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