Muitas das vezes, no âmbito da liderança comercial e até na vida, as situações com que nos deparamos não têm solução aparente.
Existe um conceito de urgência nos dias que correm que nem sempre traz resultados.
Uma equipa comercial não se forma do dia para a noite.
Um líder, na maior parte dos casos, não se revela como líder eficaz nas primeiras posições que ocupa.
A melhor forma de resolver uma situação nem sempre é agir logo.
Chamo a isto o fenómeno do “sinal laranja”.
Se for condutor e for no seu carro, quando chega a um semáforo e apanha um sinal laranja, o que é que normalmente faz?
Provavelmente dirá:
“Abrando.”
Mas, se for verdadeiro, dirá que se vir um sinal vermelho não faz nada disso.
Muitas vezes faz precisamente o inverso e acelera para ainda conseguir passar, ainda que já com o sinal vermelho a cair.
Na vida e nas empresas muitas vezes adotamos esta atitude.
À nossa volta existem milhares de sinais laranjas.
O problema é que em vez de abrandar para os analisar, temos tendência para acelerar.
E normalmente qual é o resultado?
Claro, dá asneira.
Quer um exemplo disso?
Nas empresas, quantas vezes é que toma decisões ou faz juízos de valor sem ter a informação toda?
Muitas vezes, algumas, poucas, sempre?
O problema é que esta prática se institucionalizou.
Dado o stress que temos para atingir resultados e as condicionantes do mercado hoje em dia, em vez de abrandarmos, fazemos precisamente o contrário.
Nem sempre uma má decisão é melhor do que uma não decisão.
Por vezes nas equipas existem questões que demoram o seu tempo a resolver. Que têm de ser “digeridas”, para depois, ao ritmo de cada pessoa, serem integradas e processadas.
Um dos fenómenos que deteto quando trabalho em projetos de formação e coaching de equipas de liderança comercial com alguns dos meus clientes é a necessidade de os elementos que entram pela primeira vez em posições de liderança comercial terem de obter resultados imediatos.
Nem sempre essa pressão vem de cima, mas a necessidade de mostrar trabalho faz com que por vezes ajam quando deveriam parar e analisar quais os semáforos laranja que têm à volta.
Uma das coisas que devemos ensinar às pessoas que estão pela primeira vez em posições de liderança é precisamente o saber esperar.
Casos típicos disto são as situações que se prendem com a evolução dos elementos que eles lideram e dos estágios em que a equipa está em termos de desenvolvimento.
Por vezes as políticas que implementamos com as equipas demoram o seu tempo a dar frutos.
Não se consegue ganhar todos de uma só vez para o nosso lado.
Uns são mais rápidos a aderir à nossa liderança, outros são mais desconfiados e demorarão o seu tempo.
Se por acaso o líder não compreender esta realidade e forçar a sua relação com uma destas pessoas que demoram mais tempo, o que é que acham que vai acontecer?
Claro!
Essa pessoa vai com certeza começar a gerar “anticorpos” em relação à chefia e muitas vezes uma situação que se resolveria com “sentar-se e esperar” está agora cristalizada, no mau sentido.
Todas as equipas têm estágios de desenvolvimento diferentes, bem como todas as pessoas têm estágios de desenvolvimento diferentes.
E muitas vezes, consoante a situação, vamos ter de adaptar o nosso estilo de liderança a esse fator.
Mas isso parece-me que terá de ficar para um próximo artigo.
Fica então a promessa.
Esta semana, pare um pouco para pensar:
- Será que não estou a forçar demasiado os resultados que quero obter?
- Será que não estou a sufocar as pessoas que lidero, não as deixando respirar?
- Será que nalgumas situações não seria melhor sentar-me e esperar que passe?
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