Se os hábitos e os vícios antigos não nos levam mais longe e até já nos deram alguns dissabores, porque haveremos de continuar a deixá-los atropelar o nosso dia-a-dia? É que estes atropelos que lhe sucedem a si enquanto gestor não serão muito diferentes dos que surgem a todos os que chamam a si funções de coordenação e liderança de Equipas!
Então, porque continuaremos a cometer sistematicamente o mesmo tipo de erros? Tomar consciência e perceber como chegam os resultados de quem se desafiou a fazer diferente pode ser um excelente ponto de partida…
Senão, vejamos:
– Não comunicar os objectivos nem obter compromisso
Por vezes andamos tão envolvidos na rotina do dia-a-dia que nos esquecemos de que somos chamados a ser farol, a apontar o rumo e a clarificar as expectativas. Se a rotina nos envolve ao ponto de nos manipular a agenda e estamos numa fase em que sentimos que reunir com a Equipa é uma perda de tempo, talvez tenha chegado a hora de fazer flash-back…
Se prescindir de dizer a cada elemento o que é esperado dele, por mais óbvio que isso seja para si, vão continuar a existir dois caminhos: o que o colaborador está a fazer e o que precisava que ele fizesse. Pode dar-se a esse luxo, ou precisa mesmo que as diferentes metas também surjam nas agendas dos diversos colaboradores?
Sem envolvimento não há compromisso, e sem compromisso continuamos à mercê de cada um… e não à sua!
Cada elemento da equipa tem que perceber o que é esperado dele, e o que vai fazer a cada mês, a cada semana, a cada dia, para ficar mais perto de atingir cada objectivo.
– Tratar todos os colaboradores por igual, sem distinguir competências particulares ou factores motivacionais
Promover a igualdade está na moda e é, sem dúvida, um dos benchmarks da gestão corrente. Mas falamos de igualdade de oportunidades, de género e afins…
Na hora de comunicar com a equipa, tornar a nossa comunicação o mais eficaz possível pressupõe calçar os sapatos do outro e replicá-lo para que a comunicação chegue como ele mais aprecia.
Se é fácil? Lamentavelmente, não. Seria muito mais fácil se toda a equipa fosse igual a nós… Também seria muito mais aborrecido, e a diversidade e a inovação estariam seguramente comprometidas!
Os elementos nas equipas correm por situações distintas que importa perceber, razão pela qual é desejável conhecer a nossa equipa, saber como interagem em contextos diferenciados e proporcionar momentos informais, como a pausa para café, um convite para almoço ou uma “futebolada”…
Deixe-se surpreender pelas revelações. Às vezes retiramos ideias fantásticas para o contexto profissional e ficamos a perceber melhor determinados comportamentos ou competências específicas.
– Interpretar de forma pessoal as questões profissionais
Caso para dizer que aqui é que se aplica aquela expressão do…“Don’t take it too personal”!
É importante reconhecer as nossas falhas para corrigir e melhorar, mas não é caso para nos “chicotearmos” quando em dez coisas fazemos nove bem e uma mal…
E, quando surgem as chamadas “bocas de reacção”, vale a pena apanhar no ar o que é importante e o que, quando trabalhado, nos ajuda a andar para a frente. Às vezes esquecemo-nos que já somos crescidinhos e que já conquistámos o direito a ter um ouvido selectivo.
Opiniões são opiniões, há que integrá-las e ter o discernimento subsequente que a situação exige.
Às vezes há contextos minados de “urubus” e acabamos por lhes dar tanta atenção, que nos esquecemos do quão longe poderíamos ir se tivéssemos acreditado mais em nós e ousado o necessário. Por vezes escutamos demasiado quem nos puxa para trás ou ainda não nos estamos a rodear das pessoas certas…
– Continuar a fazer as tarefas que se comprometeu delegar
Delegar não é fácil, sobretudo quando dominamos, fazemos bem e fazemos rápido. Todavia, sempre que continuamos neste registo, já sabemos que acabamos por não trazer nada de novo às nossas agendas e o que nós não pensarmos, lamento comentar, mais ninguém pensará por nós…
Será chegada a hora de não comprometer mais o futuro da equipa?
Delegar é também permitir que outros cresçam e o líder deve estar bem ciente da sua responsabilidade e contributo neste domínio. Se não deixarmos voar as nossas águias, elas vão arranjar maneira de ir para outras paragens…
Invista nos seus melhores talentos! Pode demorar mais no curto prazo, mas passados 2 ou 3 meses já nem se vai lembrar disso. Não receie que a equipa cresça, se isso acontecer os resultados crescerão também, e haverá certamente um desafio maior à sua espera.
Não adie mais, ou não quer uma equipa que agarre outros desafios e trabalhe de forma mais autónoma?!
– Falta de assertividade e de feedback atempado quando a prestação do colaborador é insatisfatória ou incorrecta
Sempre que se adia lidar com um problema, parece que este cresce… É correcto não dar feedback no pico da emoção, e guardar para depois de almoço ou para o dia seguinte, sob pena de saírem “raios e coriscos”. Mas não adie mais do que isso… passado uma semana ou um mês o feedback não é oportuno, e aí sim, a situação vai repetir-se!
Sobretudo se o comportamento do colaborador for incorrecto, a ponto de comprometer os valores da empresa ou pôr em causa a missão, há que dar feedback e bem assertivo. Ou está disposto a engolir sapos como mentiras, roubos ou barreiras de confiança?
E agora, sobretudo para as senhoras, toca a aguentar firme, e a falar da razão (e menos do coração), que o que é para dizer não pode mesmo deixar de ser dito!
– Esquecer-se que os “Obrigado” ou “Parabéns” continuam a ser grátis…
E não é que parece tão simples… mas é tão difícil para algumas pessoas chegar junto da Equipa e dizer “Parabéns!”, “Bom trabalho!”? Gosto muito da metáfora da cenoura, pois quando a equipa atinge determinado objectivo, parece que foi fácil, e dá vontade de esticar a meta mais um bocadinho, como se fosse justo chegar a cenoura à frente…
O reconhecimento e o elogio, quando genuínos, fazem milagres junto da Equipa, dão sentido de pertença e de reconhecimento, e este é um dos factores motivacionais que hoje, como nunca, prevalece! E, como em tudo, se tiver dificuldade em agradecer, vamos lá sair da zona de conforto, e expressar o quanto antes esse OBRIGADO!
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