Uma das preocupações que temos nas empresas com que trabalhamos é garantir que existe um plano de negócios, mas acima de tudo assegurar que este é do conhecimento da maioria dos colaboradores e que existe vontade de o executar.
Por estranho que pareça, a grande maioria das pequenas e médias empresas não utiliza um plano de negócios como ferramenta de trabalho. Muitas até o elaboraram ou mandaram elaborar, mas poucas o utilizam como ferramenta fundamental de gestão.
Como é que nós achamos que deve ser feito um plano de negócios? Defendemos o modelo de plano de negócios base zero. O que é que isso significa? Isso mesmo, começar do zero.
O plano de negócios é um documento com um conjunto de ideias que nos podem fazer ir do ponto A até ao ponto Z. Essas ideias devem ser transformadas em números e quantificadas, de forma a podermos realizar demonstrações financeiras previsionais.
O que são as demonstrações financeiras previsionais? São essencialmente o Balanço, Demonstração de Resultados e Demonstração de Fluxos de Caixa previsionais, isto é, como é que nós achamos que as contas da empresa podem vir a ser quando chegarmos ao ponto Z.
E temos duas maneiras de o fazer:
- utilizamos o histórico da empresa como base e vemos quanto é que a empresa gastou, por exemplo, em telecomunicações, o ano passado e depois acrescentamos ou reduzimos qualquer coisa para os anos seguintes de forma a obtermos o valor previsional de telecomunicações da empresa;
- fazemos tábua rasa das demonstrações anteriores e fazemos uma base zero, isto é, vamos calcular quanto é que estimamos gastar em cada uma das rubricas, tendo em conta o resultado final que pretendemos obter.
Esta segunda metodologia significa construir o documento ao contrário.
Normalmente o que se faz é ver quais vão ser as receitas previsionais, quais vão ser os custos previsionais e depois obtemos um lucro previsional.
Se nós usarmos os valores de anos anteriores como base, o que vai acontecer é que se existirem ineficiências nos custos, estas ineficiências vão-se manter no futuro, porque se acrescentamos 10% aos custos de comunicações porque vamos fazer mais campanhas pelo telefone e vamos aumentar o custo de comunicações, ninguém vai analisar se o valor que estamos a pagar de telecomunicações pode ser reduzido e otimizado, simplesmente acrescentamos 10% ao valor que vem de trás e pronto, já temos o nosso valor previsional. Mantemos a ineficiência que vem de anos anteriores e ainda achamos que pode ser aumentada.
O que nós sugerimos é que se faça ao contrário, ou seja, definir qual o valor que queremos como lucro, quais os resultados que queremos no final do ano, e só depois ver quais as receitas que temos de obter e quais os custos que a empresa pode suportar.
Isto é, primeiro há que definir qual é o valor que queremos obter. Assumindo que a empresa quer aumentar o lucro, então há que definir qual o lucro que pretendemos (o meu Z).
Depois há que ver qual a margem líquida nas vendas, para poder calcular o valor das receitas necessárias para garantir o lucro definido (isto assumindo que conhecemos as margens do nosso negócio, não imaginam a quantidade de empresas que não conhece as margens…).
Se sabemos qual o valor das receitas e, qual o valor do lucro que pretendemos, a diferença serão os custos que podemos ter, devendo caber nesse valor todos os custos que existem na empresa.
Parece simples, certo? Mas não é. Dá muito trabalho, ainda que o resultado seja muito interessante.
O problema está em que muitos empresários pensam que podem contratar um consultor para lhes fazer isto.
O consultor pode saber de negócios, mas são os empresários que conhecem “o” negócio e a sua empresa melhor do que ninguém.
Um trabalho deste tipo requer tempo, tempo que a maior parte dos empresários não tem disponível para fazer este tipo de trabalho.
No entanto, é essa a função primordial do empresário: definir os objetivos, desenhar o plano de negócios, executar, avaliar e fazer os ajustamentos necessários para garantir que os objetivos são atingidos.
Portanto, fica o desafio para os empresários reduzirem a sua intervenção na atividade operacional da empresa, utilizarem o tempo disponível no desenho e execução consistente da estratégia e criarem mais valor para os investidores e para o mercado.
Ajude-nos a melhorar! Deixe-nos por favor o seu contributo para o tema.