Já parou para pensar como o trabalho evoluiu nas últimas décadas?
A força física foi sendo substituída e agora o trabalho é cada vez mais mental. Passar o dia sentado em frente a um ecrã é prática corrente nos nossos dias.
Segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2015, a percentagem de empregados a utilizar computador era de 80,8%. Quando comparamos com 2002, o valor era bem mais baixo, apenas 30,9%. Estes dados vêm demonstrar como o trabalho se alterou tanto em pouco mais de uma década e meia.
Paralelamente a esta evolução, vemos também outro parâmetro a ganhar diferentes contornos – o estilo de vida pouco saudável. O atual sedentarismo durante o trabalho, a má nutrição, os picos de stress e a falta de tempo são reflexo da vida atual dos trabalhadores.
Em Portugal, esta problemática ganha ainda mais significado quando nos apercebemos que somos o país da Europa com uma percentagem mais elevada de doenças mentais, a par do elevado consumo de ansiolíticos e antidepressivos. Em 2015, o número de portugueses com doenças mentais subiu para 31,2%.
Tendo estes dados da Direção-Geral de Saúde, podemos parar um pouco para refletir sobre o que se passa nas nossas empresas. Imagine o impacto económico do absentismo, do presentismo laboral (trabalhar mesmo estando doente) e do burnout para a sua empresa e para o país. Estima-se que em Portugal o custo anual com acidentes e doenças de trabalho ultrapasse 4% do PIB global!
Nos trabalhadores europeus, o stress e as perturbações músculo-esqueléticas são a base do absentismo por doença. Será que a empresa não pode contribuir para baixar estes valores referidos anteriormente? Certamente que sim.
Será que estamos a conseguir manter os colaboradores saudáveis e felizes?
Pode achar este tema da felicidade uma “frescura”, mas sabemos que as consequências são grandes para as empresas onde esta preocupação não existe: elevados níveis de stress, quebra no rendimento, falta de motivação, variações de humor e faltas ao trabalho. Pelo contrário, quando os trabalhadores estão bem, a produtividade aumenta e os custos diminuem.
A felicidade é um aspeto fundamental para atrair e reter talentos, principalmente quando falamos da geração que está agora a entrar em força no mercado de trabalho, os Millenials. Consegue perceber porquê? Nesta geração “sempre conectada”, as fronteiras entre a vida profissional e pessoal desapareceram. O prioritário para estes profissionais, mais do que ganhar muito dinheiro, ter um horário certo ou um emprego seguro, é a possibilidade de se sentirem valorizados e parte de um propósito maior. Perante isto, é urgente que as empresas consigam dar aos colaboradores condições para que se sintam reconhecidos, envolvidos e felizes no seu trabalho.
A prova da pertinência deste tema é que já vamos para a 9ª edição do estudo de Happiness Works em Portugal. Esta iniciativa tem permitido conhecer o estado da felicidade organizacional em Portugal ao longo dos últimos 8 anos, criar um benchmark por setores de atividade e verificar o impacto da felicidade organizacional na produtividade.
O que pode fazer na sua empresa?
É importante que o bem-estar dos seus colaboradores seja uma constante. Para isso, não basta criar um momento ou um pico de felicidade. Recomenda-se que algumas práticas sejam desenvolvidas ao longo do ano, permitindo manter a satisfação permanente.
Conhecer os seus colaboradores é fundamental. Perceber o que os motiva, bem como as suas necessidades. Este deve ser o pontapé de saída. Claro que em empresas muito grandes pode ser difícil conseguir falar com cada um dos colaboradores. Neste caso, pode fazer um inquérito ou uma assembleia onde possam trocar ideias.
Abaixo deixo algumas ideias simples de pequenas medidas que podem fazer a diferença quando falamos de felicidade, saúde e bem-estar da sua equipa.
A – Melhore os momentos de pausa da equipa
Providencie uma zona separada, ou um cantinho, onde os colaboradores possam fazer uma pausa. Uma área onde possam tomar um café ou beber água, fora do local habitual de trabalho.
B – Contribua para a saúde dos seus colaboradores
Dentro deste âmbito, existem muitas hipóteses, desde as mais simples às mais elaboradas.
Uma ideia simples é ter sempre fruta disponível para a sua equipa (ao pé da máquina do café, ou mesmo na secretária, por exemplo). Este gesto simples vai ajudar a melhorar os bons hábitos nutricionais da sua equipa, substituindo os snacks por fruta. “One apple a day keeps the doctor away”.
Outra forma de estimular a sua equipa a ter uma vida mais saudável é estabelecer um protocolo com um ginásio e claro, permitir que tenham tempo fora do horário normal de trabalho para que o possam frequentar.
Se o problema é passarem muito tempo sentados ao computador, garanta que a cadeira é adequada e o computador está na altura certa. Pode ser muito valorizado e compensador contratar um fisioterapeuta para ir uma manhã por mês ao escritório ajudar a corrigir a postura física dos colaboradores.
C – Mime os seus colaboradores
Porque não dar a tarde do aniversário de folga? Não tem muitos custos associados e causa um grande impacto.
Já alguma vez pensou em fazer um workshop no escritório? Parar duas horas numa manhã, para juntar a equipa, e fazer um workshop de nutrição, culinária ou dança? Pode até aproveitar o talento dos colaboradores e propor a algum membro que dinamize este momento.
Em datas especiais, ou quando se ultrapassam alguns objetivos, pode oferecer algum “mimo” à sua equipa: chocolates, bombons, notebooks, livros, etc.
D – Permita que a relação entre a equipa não se fique só pelo escritório
Organize passeios, piqueniques ou mesmo algum tipo de atividade desportiva com os seus colaboradores. Organize trimestralmente e com antecedência, para poderem agendar.
Como pôr em prática? Consulte os seus colaboradores e dê asas à imaginação. Mas não precisa de voar muito. Muitas vezes são pequenos gestos que fazem uma grande diferença na felicidade da equipa!
Ajude-nos a melhorar! Deixe-nos por favor o seu contributo para o tema.