Todos gostamos de tomar decisões informadas.
Quando precisamos de tomar uma decisão sobre algum tema, investimos algum tempo na procura de informação relevante que nos possa ajudar na tomada da decisão e normalmente os números ajudam a fundamentar essa escolha.
Como dizia o famoso estatístico norte-americano W. E. Deming “In god we trust. All others bring data”. A informação é muito relevante para a tomada de decisões.
No mundo empresarial, qualquer decisor tenta obter o maior conjunto possível de informação antes de tomar qualquer decisão. Mas até que ponto é que essa informação vai efetivamente ajudar na tomada de decisão?
A chave para melhorar a tomada de decisão é enquadrar o contexto em que essa decisão vai ser tomada antes de procurar a informação.
A maioria dos decisores pensam que estão focados na informação (data-driven) quando olham para os números, formam uma opinião e tomam uma decisão. No entanto, essa decisão é provavelmente inspirada na informação, mas não um resultado objetivo dos números consultados. Frequentemente a decisão vem dum viés inconsciente do decisor, esteve lá todo o tempo à procura duma confirmação numérica para o resultado pretendido.
Um dos maiores problemas das decisões que julgamos baseadas na informação é o viés de confirmação, que influencia a forma como o decisor recebe e analisa a informação à luz daquilo em que já acreditava.
A forma que os Economistas Comportamentais utilizam para evitar este tipo de enviesamento é definir os critérios de decisão antes de procurar a informação. Isto é, ter o enquadramento antes de procurar a informação em vez de adaptar o enquadramento à informação encontrada.
Por exemplo, decidir quanto estou disposto a pagar por um bilhete para o concerto da minha banda favorita antes de procurar on-line os preços do concerto.
Num contexto empresarial, poderão ser as características do carro que preciso para fazer a entrega das mercadorias, quais as especificações que deve ter e o preço que considero aceitável. Só após este enquadramento é que vou procurar a informação necessária sobre as várias marcas e modelos para poder analisar.
Para além de fazer o enquadramento antes de iniciar o processo de recolha de informação, uma das perguntas a que devemos responder é “O que iríamos fazer na ausência de mais informação?”. Se tivesse de tomar a decisão de comprar o carro, apenas com a informação que disponho neste momento, qual seria a minha decisão. Comprava ou não comprava, que modelo comprava, será que vale a pena subcontratar as entregas?
Esta decisão por defeito que devemos tomar antes com base no que sabemos neste momento, será a menos má que podemos encontrar no mundo da ignorância em que estamos antes de procurar mais informação.
Antes de começar a procurar a informação é importante imaginar os vários cenários possíveis face à decisão por defeito. O próximo passo antes de começar a reunir informação é pensar sobre qual irá ser a nossa reação à informação que vamos obter. Que relevância teria de ter essa informação para eu alterar a minha decisão por defeito.
Este processo simples que passa pelo enquadramento, decisão por defeito e cenários possíveis, pode facilitar a recolha e análise de informação, mas temos sempre de evitar a armadilha do viés de confirmação que nos leva a procurar apenas a informação que corrobore a nossa decisão por defeito.
Todos gostamos de estar certos e muitas vezes temos dificuldade em reconhecer os erros, mas um pouco de integridade intelectual pode efetivamente ajudar no processo de tomada de decisão e evitar consequências graves para o decisor e para a empresa.
Ajude-nos a melhorar! Deixe-nos por favor o seu contributo para o tema.