Crescer? Será que eles as pessoas da sua equipa têm 7 aninhos?
Então não os trate como tal! Quando se tratam as pessoas como crianças, obtêm-se resultados de criança.
Às vezes é-nos mais fácil lidar com a nossa equipa como lidamos com os nossos filhos… Mas, afinal de contas, quantos filhos tem ou quer ter?
Curiosamente, são ainda muitas as empresas em que nos deparamos com modelos de liderança paternalistas, num misto de protetor e controlador, onde a dependência do líder e o grau de autonomia continuam a dar que falar…
Controlar ou desafiar?
Um dos temas que invariavelmente surge nas Equipas e gera ruído é as consequências de se permitir o acesso à Internet, ao Facebook e afins. É verdade que estes podem ser fatores de distração, mas ao longo de 8 horas de trabalho, ninguém retorna 8 horas de produtividade absoluta.
O que ganhamos por inibir o Facebook ou o chat durante o horário de trabalho? Nada! Quem estiver em maré de distração, vai arranjar outra coisa para se distrair… Além disso, também não me parece que queira gastar dinheiro em software de vigilância, ou andar a fazer de polícia e a gastar tempo a controlar o que o software gravou.
As pausas e as distrações pontuais são necessárias a qualquer um de nós, sejam quais forem, para depois nos concentrarmos com redobrada atenção. Só não é para distrair com o cliente à frente!
Numa altura em que sabemos indispensável promover a autonomia, não são poucas as equipas em que o colaborador tem que pedir autorização para tudo, desde a mais ínfima das entradas na nota mensal de despesas, aos 10 minutos do horário que vai trocar com um colega, ou para fazer algo de modo diferente do instituído. Há até quem já se tenha questionado em colocar um temporizador na casa de banho, com receio que vão para lá perder tempo a ler revistas…
Visto de fora, de olhos postos nos exemplos de outros, é mais fácil de analisar e pode até tocar o limiar do caricato… Mas já se deu conta de como é que anda a tratar os seus colaboradores?!
É que não confiar sai muito mais caro!
Se é preciso pedir licença para tudo, cria-se uma cultura de gente que não pensa e não se esforça por encontrar outras respostas e soluções. É esta cultura do “não-tenho-confiança-em-ti” que queremos que se viva na nossa Empresa?
Quer fazer manuais do que não se deve fazer, ou quer ter as suas pessoas envolvidas em projetos interessantes?
Bem vistas as coisas, fazemos-lhe a papinha toda ou ajudamo-los a crescer?
Então, dê-lhes asas…
… ou um par de ténis, como já vi um líder carismático de uma equipa fazer. No Natal passado, cada elemento da equipa recebeu um par de ténis, para correrem atrás do futuro mais depressa e mais bem preparados. Foi brutal o sentido de pertença que isto gerou, e foi apenas uma ideia diferente com um forte simbolismo, e que acabou por ser tão simples de concretizar…
Invista ainda hoje, porque o melhor investimento que pode fazer é nas pessoas.
Envolva cada um no rumo que a empresa quer seguir, garanta que chega à fala com cada colaborador frequentemente (e chegar à fala não é por e-mail…), acompanhe mais e controle na medida do necessário.
Não há dúvida de que precisamos de asas para voar para um determinado destino… mas hoje voarmos sozinhos na Empresa não chega, todos os outros elementos da equipa têm que voar também! Podem nem vir todos a voar mais alto, mas precisamos que voem todos melhor (ou mais rápido).
Há sempre pelo menos dois tipos de pessoas nas equipas:
– as águias, que voam lá no alto, que pensam para a frente, que inovam e criam, que têm rasgos fantásticos, que se perdem, que dão trambolhões, que são espicaçadas e disparam em voo rápido;
– as gaivotas, mais perenes, de resultados consistentes, seguras, de voo ágil e equilibrado, menos aventureiras, mas muito exigentes.
Quais são as melhores para ter nas equipas? Quais são as melhores para ter na área comercial? Quais é que se tornam melhores líderes?
Precisamos das duas vertentes, e todas têm de se sentir a crescer! Umas abrem melhor portas, outras conquistam mais a confiança e o reconhecimento dos clientes, umas inspiram ou ousam mais em momentos chave, outras são mais constantes nos resultados que aportam e nós precisamos desses resultados, umas arriscam mais, outras dão consistência ao processo.
Precisamos do melhor das águias e das gaivotas, porque é a diversidade que nos leva para a frente. E quanto mais flexíveis formos no processo, melhor chegamos ao cliente, ou os seus clientes não são todos diferentes?!
E o melhor de hoje será um “melhor maior” daqui a 6 meses se o colaborador abraçar novos projetos, se for retirado da zona de conforto, se for desafiado no tempo a dar outro tipo de resposta, num pressuposto de que é acompanhado para tal sempre que for necessário, ou mesmo pressionado, porque às vezes também é preciso!
O coaching não é uma moda, muito menos uma tendência, é uma necessidade real de hoje para, de forma estruturada, “puxar” ou “espicaçar” o processo de crescimento de cada colaborador, dar consciência aos objetivos que cada um pretende perseguir, ver como lá quer chegar e identificar os recursos de que precisa para o efeito.
E confie! É que tal como os nossos filhos, a equipa também cresce num ápice! Mesmo que os 7 aninhos deixem outro tipo de saudades…
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