Lembra-se do anúncio do “Danoninho”?
Em que a mãe se virava para o filho e dizia:
“Faltou-te um pedacinho assim!”
Muitas vezes perguntam-me, nos processos de formação de Liderança, qual é a fórmula para levar uma equipa à excelência.
Os decisores estão por vezes à procura de fórmulas mágicas que possam utilizar e que de um dia para o outro façam com que as suas equipas se transformem em campeões.
Na experiência que tenho, do tempo em que liderava equipas, e dos programas de formação que realizo na área de liderança, não existe uma fórmula mágica.
Sabe porquê?
Exacto, porque está a lidar com pessoas.
E ao estarmos a lidar com pessoas, todas elas são diferentes!
Da mesma forma que dois filhos educados da mesma maneira podem crescer e um ter sucesso e o outro não, também das duas pessoas que sejam lideradas da mesma maneira, na mesma equipa, uma pode ser um sucesso e a outra não.
Já falámos anteriormente sobre como as pessoas e as equipas devem ser lideradas de forma diferente consoante o seu grau de competência para a tarefa e o seu grau de motivação.
Mas o que me traz aqui hoje não tem tanto a ver com isso, mas mais com fazer progredir as pessoas de uma forma sistemática face ao sucesso.
Uma das coisas de que o líder tem de ter a noção é que não vai conseguir que todos dentro da sua equipa lá cheguem.
A Liderança é uma das profissões em que, mesmo que façamos tudo bem, podemos falhar e ser despedidos.
Ou seja, não existem “garantias”.
Se levarmos isso em linha de conta e olharmos para a nossa equipa, vamos ter duas situações que são comuns:
Pessoas que estão bloqueadas, mas que têm um potencial enorme.
Pessoas que não estão bloqueadas, mas que, por mais que puxemos por elas, não correspondem às expectativas que teríamos.
Claro que isto gera frustração.
“Então não é que estamos a investir tanto neles e não conseguimos que passem de cepa torta?”
Nem todos estão destinados ao 1º lugar do pódio.
Mas todos são necessários para que a nossa equipa se comporte de forma coerente e sustentada.
Qualquer treinador de alta competição sabe que não pode só ter estrelas na equipa.
Por isso há que lidar com eles de forma diferenciada.
Se uma pessoa tem potencial, mas está bloqueada, temos de procurar ajudá-la, para que ela ultrapasse o bloqueio.
Isto é mais fácil dizer do que fazer.
Um dos exercícios que utilizamos nos seminários de liderança pelo fogo é precisamente a passagem por cima de uma cama de brasas a 600º graus célsius.
Um exercício como estes é voluntário, mas quando a pessoa o faz é como se um dique se abrisse dentro de si e se gerasse uma motivação interna para ultrapassar o bloqueio.
A partir daqui é necessário ter atenção para ir apoiando a sua evolução com pequenos incrementos.
Quando a pessoa não é uma estrela em potencial, não é motivo para desistir.
Só temos é de perceber que não podemos esperar dela o mesmo desempenho que de uma estrela, mas que pode vir a ter um papel também fundamental no desempenho da equipa.
E aqui, nos dois casos, é que entra o princípio do “Danoninho”!
Procurem criar oportunidades e compromissos de melhoria que sejam pequenos saltos no desempenho de cada pessoa das Vossas equipas.
Em vez de pedirem logo um salto enorme, vejam qual é a próxima evolução que seria possível esta pessoa fazer.
Mostrem-lhes que é possível dar esse pequeno salto.
Salto a salto, as pessoas vão crescendo e evoluindo na equipa.
Desta forma conseguimos uma performance muito mais estável e muito menos violenta em termos de liderança.
Lembra-se de quando os avós não viam os netos por alguns meses quando eles eram mais novos?
O que é que acontecia?
“Meu neto, como tu cresceste!”
Com as equipas é precisamente a mesma situação.
Esta semana pare para pensar:
“Será que estou a proporcionar à minha equipa oportunidades para que eles possam crescer ao seu ritmo?”
Ou
“Estou apenas a pedir-lhes algo que eles têm muita dificuldade em conseguir e apenas os frustra quando não o atingem?”
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