No outro dia estava numa reunião com um dos nossos maiores clientes a discutir alguns projetos de coaching que vamos fazer com eles este ano.
Quando abordámos a questão do “Executive Coaching” vi que ele, à semelhança de outros clientes nossos, apresentou algumas resistências.
A questão que ele me colocou foi:
“Mas isso não se aplica somente aos que são maus?”
Confesso que me desatei a rir. Temos algum à vontade um com o outro, fruto de vários anos de trabalho e de vários sucessos consecutivos, o que me permitiu ter esta reação.
O que é certo é que o tema tem toda a pertinência, pois já não é primeira vez que a ideia me é ventilada.
Será que o coaching é só para os “maus”?
É certo que é uma ferramenta eficaz, mas no nosso entender a sua maior riqueza nem está aí.
Está precisamente na faixa oposta, ou seja nos “bons”!
Poderá pensar:
“Mas se já são bons…”
Precisamente por isso é que um bom processo de Executive Coaching pode fazer maravilhas.
Muitas vezes, quem tem um nível de desempenho acima da média tem dificuldade em aportar valor ao seu desempenho face ao elevado nível de performance que já tem.
Por vezes, torna-se difícil, com a abordagem tradicional, levar estes “talentos” a níveis ainda superiores.
Ou seja, o que os trouxe até aqui não os irá levar ao próximo nível.
Por outro lado, profissionais com alto desempenho apresentam frequentemente alguma irregularidade nos seus resultados.
Não imediatamente, mas após um longo período de bom desempenho, existe a tendência para que estes profissionais tenham quebras, muitas delas até bastante complicadas.
Na maior parte dos casos isto deve-se a uma falta de equilíbrio interno entre os diversos papéis na sua vida, Líder, Pai, Mãe, Colega, etc.
Um crescimento e desempenho sustentado provêm normalmente do equilíbrio interno do profissional.
E também de constantemente se reinventar e se colocar em causa de forma a caminhar sempre numa senda de excelência.
Ora é aqui que no nosso entender o processo de “Executive Coaching” apresenta mais-valias para a organização e para os seus “super talentos”.
Ao termos uma figura isenta externa, que nos desafia e faz olhar para os nossos principais desafios com outros olhos, faz com que invariavelmente cresçamos e consigamos ser ainda melhores.
O desenvolvimento de um profissional de alto desempenho é normalmente feito por degraus.
Ou seja, é puxado para o degrau acima por alguma circunstância ou até pela sua força de vontade e empenho.
Sofre as dores do crescimento, aprende, estabiliza e, se tudo correr bem, dá novamente outro salto para o degrau ou degraus acima.
Se compararmos isto com o crescimento de outro tipo de perfis, que se assemelha mais a uma encosta que se vai subindo, este processo apresenta, como é óbvio, outros desafios com os quais a maioria das organizações não está preparada para lidar.
Nem sempre um quadro de direção numa posição elevada tem internamente a quem recorrer, sem se expor ou poder “dar a face”, para poder ter perspetivas diferentes que o ajudem a crescer ou até mesmo a lidar com as dores do crescimento.
A questão que se coloca é: quando um mau profissional falha, qual o impacto na organização?
Não é grande, com certeza, agora quando um bom profissional falha, qual o impacto?
Será com certeza, na maioria dos casos, muito maior, quanto mais não seja dado que face ao seu desempenho lhe são atribuídas frequentemente responsabilidades de maior dimensão.
Esta semana pare um pouco para pensar:
“Será que os talentos da minha organização têm a quem recorrer quando precisam de crescer?”
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