A quadra Natalícia remete-nos de imediato para esta questão do DAR, da entrega, da generosidade, de pensar um pouco mais no que os outros necessitam e de que forma poderemos colmatar essas falhas.
Mas não podemos esquecer-nos que receber é também muito bom. Quem não gosta de receber presentes, uma atenção, um carinho, uma palavra amiga?
Decerto já percebeu que a razão do artigo será um pouco mais do que o dar material.
Esforçamo-nos diariamente por DAR. Dar o nosso melhor, o nosso entusiasmo, o nosso empenho e com isso colmatar algumas lacunas existentes.
Nas empresas com quem trabalhamos acontece exactamente o mesmo, e por estarmos em período de Natal, esta questão torna-se ainda mais importante.
O que podemos dar de diferente este ano?
Quando falamos em dar pensamos de imediato em bens ou valores materiais. No contexto de equipa, são os prémios de performance, pois são esses muitas vezes os mais cobiçados.
Mas será que os elementos da sua equipa se movem todos pelo mesmo? Para dar é preciso saber receber, será que estão preparados?
Temos imensas experiências de dádivas que foram realizadas de um modo diferente e causaram um impacto enorme nos outros.
Internamente
Dê a sua atenção, a sua escuta, procure entender o que move a sua equipa e como pode desse modo gerir as suas expectativas.
Motive a dádiva de ajuda. Há departamentos que estão com mais dificuldades que outros e se todos se derem um pouco mais, percebem não só a mais-valia do acto, como por vezes mais tarde serão os beneficiários de ajuda semelhante.
Dê motivação, coragem e entusiasmo à sua equipa. Dê razões para acreditarem que os tempos que atravessamos são desafiantes, mas serão passageiros com a ajuda de todos. Sem um bom timoneiro o barco não chega a bom porto. Está nas mãos dos líderes de equipas.
Dê uma perspectiva real do que se passa na empresa. Os colaboradores, na sua grande maioria, querem saber o que se passa na empresa e de que forma as linhas estratégicas os poderão conduzir ao sucesso. Se souberem que parte tomam na equação, aceitam de forma mais compreensiva o esforço que terão de fazer no futuro.
Será que o dar é valorizado interna e externamente?
Ouvimos muitas queixas deste género: As “cenouras” têm de deixar de existir porque acomodam as pessoas e tornam-nas mais dependentes de prémios e depois ficam sempre à espera de mais e não trabalham sem isso.
Acredito que alguns colaboradores se movam por essa “cenoura”, mas nem todos.
No nosso trabalho com equipas torna-se um desafio enorme ajudar a entender que o dar da empresa aos funcionários tem de ter regras, métricas, e que acima de tudo visa premiar o Muito Bom. E essa dádiva pode ser um reconhecimento público de algum colaborador, um quadro de honra para os que fomentaram mais o espírito de equipa, pode ser formação interna ou externa em temas importantes para a função de cada um, pode ser um jantar ou almoço de Natal num contexto diferente, a celebração de aniversários, de implementações de procedimentos com sucesso, entre muitas outras.
Externamente, tem a certeza de que está a DAR aos seus clientes o que eles merecem?
Está a dar-lhes um serviço de atendimento excelente e que apeteça repetir? Está a dar toda a sua atenção à gestão de reclamações que passa a ser vista como oportunidade de melhoria e não de problemas? Será que dá o máximo para resolver os problemas dos outros e, mais importante, será que o seu cliente entende a dádiva que recebe?
Como podemos dar o que nos falta?
Esta poderá ser a mais difícil de concretizar. Num ambiente e contexto tão desafiantes, onde reina a desmotivação como é possível dar aos outros o que até a nós nos falta?
Penso que tempos mais difíceis obrigam as pessoas a olhar para si mesmas e a descobrir que no fundo até têm muitas coisas. Desse modo explica-se o facto de as campanhas do Banco Alimentar conseguirem cada vez mais alimentos.
Existe sempre alguém que está pior que nós e uma pequena ajuda pode fazer a diferença.
Nas empresas acontece o mesmo. Como dar motivação e entusiasmo à sua equipa se a si também faz falta? Agarre-se a exemplos de vida que encontra todos os dias, a pessoas que com uma resiliência fora do vulgar fazem autênticas travessias no deserto. Peça a alguém que o apoie e lhe dê ajuda sempre que o vir mais desanimado. Peça a alguém para “encher o seu copo”, para depois poder encher o copo aos outros.
Ajude-nos a melhorar! Deixe-nos por favor o seu contributo para o tema.