Ainda esta semana li um artigo na revista Entrepreneur sobre algumas verdades sobre liderança que deixaram de ser consideradas como tal e que na prática podem prejudicar uma liderança confiante e eficaz.
Posso dizer que muitos já terão passado por isso mesmo e sentido na pele que muita da teoria aprendida assume outros contornos na prática e nas equipas que muitos dirigem.
São muitas as variáveis que foram sendo adicionadas ao mundo da liderança. Anteriormente era apenas uma versão unidireccional, mandava-se e era feito, o cumprir as directivas do patrão era o que se esperava de qualquer funcionário. Mas o mundo foi mudando. Convulsões sociais, alterações económicas, crescimentos, oportunidades, mercados que se desenvolvem e outros que se desfazem, fizeram com que não só o conceito de liderança mas a própria definição de líder fossem alterados.
Em projectos que fazemos com empresas e que envolvem as lideranças das equipas, uma questão que normalmente surge é a capacidade inata de liderar. A conclusão é quase unânime. Pode existir o dom da liderança, pessoas que de forma natural têm essa capacidade mais desenvolvida, mas estas pessoas têm de ser acompanhadas e apoiadas para que evoluam da forma mais correcta. O dom de liderar, de inspirar e motivar os outros pode ser utilizado para conquistar e para destruir.
Para as pessoas que têm este dom, tem de existir um ambiente propício ao seu desenvolvimento, tal e qual como uma pessoa que tenha o dom para a música. Se lhe forem dadas oportunidades de brilhar, de treinar, de praticar de forma consistente, então pode atingir a perfeição. Aos colaboradores que têm esta capacidade têm de ser dadas as condições para poderem exercer, aprender mais, melhorar e crescer.
O que nos leva a uma outra questão: será que é preciso ter um título para liderar?
Quem leu Robin Sharma, ou teve a possibilidade de o ouvir, sabe qual a resposta. Não é, de facto, necessário ter um título de Supervisor, Chefe, Director, Responsável ou outro para poder liderar.
Liderança tem a ver com fazer de forma excepcionalmente profissional o que se faz, seja o que for, e dessa forma motivar e entusiasmar outros a terem o mesmo tipo de conduta. Empresas que colocam o Cliente no topo das suas prioridades são empresas que preparam os seus colaboradores para agirem como líderes, para assumirem a responsabilidade do que fazem e tornarem qualquer experiência com os seus clientes inesquecível.
Procure estes exemplos de liderança na sua equipa. Não têm de ser os mais populares, mas decerto são os que “vestem a camisola”, os que pensam sempre no cliente, aceitam desafios e assumem responsabilidade, tratam a empresa como se fosse deles e a todos com respeito.
Qualquer barco necessita de um comandante, qualquer avião de um piloto! Por essa razão, as empresas precisam de um líder, de alguém que esteja no comando das operações. Se forem verdadeiros líderes, sabem, no entanto, que envolver a equipa na tomada de algumas das decisões é fundamental.
Se não estiverem envolvidos na visão e missão do líder, os colaboradores não se sentem parte integrante dessa mesma visão.
O líder não tem de ter todas as respostas ou ser dono de toda a verdade. As soluções podem e devem ser encontradas pela equipa e com ela. Se como responsável de uma equipa não conseguir que ela procure respostas, soluções inovadoras, que no fundo pense no que deve ser feito, terá uma equipa que não cresce, que não se desenvolve e que estará sempre dependente.
Como líder ensine-os a procurar respostas, a serem curiosos e a pensarem na mudança como algo positivo. Divida as tarefas e os objectivos com a equipa e eles trabalharão com outro ânimo em direcção aos objectivos delineados.
Por essa razão também se fala cada vez mais no conceito de Líder Coach, que coloca o líder numa posição mais aberta e responsável pela evolução das equipas. Mais vocacionado para questionar e para desenvolver o potencial dos colaboradores, o Líder Coach ocupa uma posição cada vez mais importante nas empresas, sendo que prepara as equipas para um outro tipo de dinâmicas e de futuro.
E lembre-se de que a sua liderança será diferente à medida que as equipas também se forem alterando. Têm de ser os líderes a adaptar-se às suas equipas. Umas são mais fáceis de gerir, outras mais complexas, mas todas exigem a sua adaptação.
Procure recursos que lhe permitam ter uma liderança mais eficaz. Desde a leitura de livros sobre liderança, a formações, a realização de testes de perfil comportamental, recursos que o ajudem a perceber certos detalhes na equipa.
Recorra a avaliações 360 e seja validado pela sua própria equipa. Escute o que têm a dizer sem receios e veja essa avaliação como um caminho de melhoria. É das ferramentas mais úteis para si e para a sua equipa.
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