Vivemos um período em que a sociedade se interroga se as camadas mais jovens perderam inteligência emocional.
Facto é que nos preocupamos porque as gerações mais novas (e não só) ganham uma dependência crescente dos meios tecnológicos, ficam horas a fio em frente do computador e dos tablets, procuram constantemente os mais recentes smartphones e wearables, estão permanentemente conectados nas mais diversas redes sociais, em detrimento da comunicação verbal e do diálogo, em casa ou nos estabelecimentos de ensino, com a família ou com os amigos.
E nas nossas empresas, será que já nos deixámos contagiar?
High Tech ou High Touch?
Por um lado, apostamos pela tecnologia, para agilizar processos internos, reduzir o time-to-market, inovar e estarmos na vanguarda, para comunicar constantemente. E fazemo-lo a uma velocidade vertiginosa…
Por outro lado, sabemos que queremos exceder expectativas, colocar as nossas prioridades na prestação de um serviço inspirador e exigir mais das nossas pessoas, afinal de contas têm mais condições tecnológicas para responderem melhor e trazerem mais resultados.
É verdade que nos tornámos high tech para satisfazer o cliente. Não é menos verdade que é impensável ter clientes satisfeitos se o cliente interno não estiver satisfeito…
E pensar que os nossos colaboradores têm hoje todas as ferramentas para empreender e dar feedback da sua actividade – tablets, smartphones, laptops de ponta, reuniões e conf. calls via web para ganhar tempo, newsletters internas para partilhar casos de sucesso, emails e emails para organizar tudo, sistematizar trabalho, lembrar o que não está feito…
Neste sentido, parece que temos motivos de sobra para nos orgulharmos da nossa cultura digital!
Mas se os resultados não aparecem, pelo menos os que queríamos ou precisávamos que surgissem, e se as pessoas andam desmotivadas, será que estamos a trocar a optimização do tempo e dos recursos pelo relacionamento, pela confiança e pelas emoções?
Então, onde está a começar e a acabar a nossa cultura digital?
É extremamente positivo o salto tecnológico que demos, mas isso não nos abre caminho para prescindir do elemento humano, que continua a ser o factor diferenciador das Organizações.
Não é menos verdade que hoje as empresas se querem também high touch, em benefício de uma cultura interna muito forte, em que se valorizam a comunicação, o relacionamento e a inteligência emocional.
Melhorar a inteligência emocional…
Se o melhor activo das empresas continua a ser as pessoas, então é importante que cada um se conheça e se desdobre para chegar aos outros, desenvolvendo competências pessoais e sociais, tais como:
- Auto-conhecimento – conhecer os nossos princípios e valores; perceber como as emoções condicionam as nossas acções
- Auto-controlo – perceber como lidamos com a pressão e dar as respostas adequadas em situações de pico emocional
- Empatia – compreender e apreciar o ponto de vista, as necessidades e os sentimentos dos outros, chegando a eles como eles apreciam
- Relacionamento – ser aceite pelos outros, revelar uma preocupação genuína, criar relações positivas e ter mente aberta
- Influência – persuadir, guiar e inspirar os outros, obtendo o compromisso para a acção; ser capaz de entusiasmar as pessoas e ajudá-las a encontrar o seu rumo
A consciencialização das emoções é importante na melhoria do relacionamento interpessoal.
Para ajudarmos a desenvolver o potencial de cada um, só podemos levar aos outros… o melhor de nós!
E no que toca ao líder, o que se espera?
Líder generalista ou especialista?
Líder especialista, sim, mas em Pessoas!
Mais do que perceber a fundo do negócio, importa desenvolver uma liderança orientada às Pessoas, e isso passa por explicar o propósito, partilhar as opções e as linhas mestras do caminho a percorrer, comunicar o objectivo das tarefas, ouvir e compreender as necessidades.
Tudo isto ajuda a clarificar o caminho, reduz o desconhecido e a ansiedade (aligeirando o receio de mudança), é determinante para ganhar compromisso e contribui para um sentido de pertença de que todos necessitam.
E a cada novo desafio importa proceder a uma liderança situacional, função de cada contexto operacional, da motivação do colaborador para executar a tarefa e das suas competências técnicas.
Há que ser chefe quando é preciso pressionar ou ajudar a estruturar o trabalho. Há que ajudar a encontrar as respostas e ser o coach que a equipa precisa quando queremos melhorar o potencial. E há que delegar, por mais difícil que seja, quando a maturidade o permite!
Afinal de contas, a liderança é como olhar no espelho. Se quisermos saber se estamos a ser bem sucedidos, tudo o que temos que fazer é olhar para a equipa. Ela reflecte a nossa paixão, o nosso compromisso e o nosso carácter.
Ajude-nos a melhorar! Deixe-nos por favor o seu contributo para o tema.