O insucesso não é obra do destino… Obviamente que quando o contexto não ajuda os desafios tornam-se ainda maiores, mas é preciso não cair constantemente nos mesmos erros.
Será que temos consciência de onde estamos a falhar? Não estarão muitos dos nossos erros naquilo que para nós são as nossas verdades absolutas?
O nosso produto/serviço é excecional
É expectável que tenhamos um carinho muito especial pelos produtos e serviços que lançamos ou pelas soluções que disponibilizamos no mercado. O certo é que não é o nosso nível de paixão pelo nosso portfólio que vai trazer os resultados que ambicionamos.
Efetivamente, não é necessário ter um bom produto para ter sucesso, o que importa é levar ao mercado um produto que seja preciso e, muitas vezes, a nossa obsessão por aquilo que fornecemos ou disponibilizamos não nos permite ter este discernimento.
Descubra o que o mercado precisa, trabalhe na solução e disponibilize-a. A razão pela qual a maior parte das empresas falha é porque trabalha primeiro o produto/serviço e depois vai ao mercado à procura de clientes…
Cada vez mais as pessoas valorizam as experiências que lhes são proporcionadas. Os produtos só por si tornaram-se commodities; as pessoas voltam pela experiência, não pelo produto ou serviço em si. O que nos vai diferenciar da concorrência é a perceção de valor que formos capazes de passar ao cliente.
Dedicamos todo o tempo ao negócio
Está provado que tendemos a sobrestimar o que podemos fazer num ano e a subestimar o que podemos fazer em cinco anos.
E que tempo é esse? O que fazemos nas 24 horas do dia? O que fazemos consistentemente ao longo do tempo? Apostamos pelo tempo certo nos projetos que começamos ou nas iniciativas que lançamos? Não estaremos a investir demasiado no “agora” e a preparar muito mal o médio prazo?
Sabemos que tarefas simples executadas de forma consistente produzem resultados extraordinários, mas muitas vezes não nos damos o tempo (ou a disciplina) para as fazer todos os dias…
Temos o conhecimento e a experiência
Conhece alguma empresa que não diga o mesmo?
Sobretudo nas microempresas ou nas PMEs de menor dimensão, há muito a tendência para o(s) empresário(s) ou os sócios assumirem os cargos de gestão e de administração da empresa. Tipicamente, quem abre a empresa é o CEO ou o Diretor Geral…
Será que cada pessoa que está nestas posições já fez o exercício de se auto-questionar se o líder de mercado ou o seu pior concorrente o(a) contrataria para o mesmo cargo nas respetivas empresas?
A questão fulcral aqui é que as competências técnicas não abrangem todas as competências que o negócio exige e, muitas vezes, ainda que os responsáveis possuam um background técnico inigualável, existem sérias lacunas ao nível de competências de liderança, gestão de equipas e comunicação.
É importante não subestimar a necessidade destas competências. Se elas não existem, como podem ser desenvolvidas? Que ações estamos a fazer nesse sentido? É que gestão e execução inteligente são coisas muito distintas…
Temos paixão por aquilo que fazemos
E isso torna-nos irracionais? Costuma dizer-se que quanto maior a emoção, menor o intelecto.
Muitas vezes não criamos a distância suficiente para analisar friamente a exigência das situações. Deixamo-nos levar pela emoção e falha-nos sistematicamente o óbvio, sendo que isso pode ter um preço demasiado alto a pagar.
É preciso parar para pensar periodicamente, é preciso questionar de forma continuada o que estamos a fazer e, sobretudo, o que não estamos a fazer. Quantificar, mitigar e gerir o risco são aspetos fundamentais de uma gestão sem sobressaltos.
Tivemos uma ideia fantástica
É verdade, a primeira ideia foi genial, e a segunda? Cada boa ideia é imprescindível, mas não nos podemos ficar pela primeira.
Muitas empresas não encorajam a geração de ideias e esquecem-se que estão a comprometer a capacidade de inovação da empresa. Porque é que existe a assunção de que as boas ideias têm que vir dos líderes ou dos chefes, se são as equipas que estão no terreno, que colhem o feedback dos clientes? Como é a cultura interna da empresa neste domínio e que continuidade damos às ideias que surgem?
Confiamos nos nossos instintos
Arrumámos o plano de negócio pelo qual pagámos uma “pipa de massa” quando abrimos a empresa? Cumprimos o que estava previsto para o primeiro ano, mas esquecemos os anos seguintes? Nos primeiros anos da empresa ainda tínhamos um roadmap operacional, mas agora achamos que já não precisamos?
A “carolice” ajuda, mas não faz milagres… A falta de planeamento, a obsessão pelo produto e a inexistência de um mercado alvo específico levam-nos a confiar demasiado no nosso instinto. Mas o feeling não é tudo, e a sorte não substitui a preparação!
É preciso estarmos dispostos a fazer o que for preciso para obtermos pelo menos o mesmo nível de resultados do passado, e isso passa por muita autodisciplina e por acelerarmos a nossa capacidade de resposta.
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