Ainda há algumas semanas, a meio de um programa de Formação de Liderança, me fizeram a seguinte pergunta:
“Como é que podemos fazer com que as pessoas deem o litro e estejam presentes quando mais necessitamos delas?”
É uma questão que frequentemente surge nos nossos programas de formação de liderança.
Se pensarmos bem, é uma questão que surge com certeza na mente de todos os decisores ou das pessoas que têm a seu cargo a chefia de uma equipa.
Mas então como?
Pense um pouco comigo.
Tem uma conta bancária?
Provavelmente sim!
Tem associado a essa conta um descoberto bancário?
Ou seja, pode continuar a retirar dinheiro da conta, mesmo que esta esteja a negativo, até um determinado limite, pagando um juro?
Por exemplo, uma conta ordenado.
Ou seja, o que retirar para além do seu saldo terá obrigatoriamente de ser reposto mais tarde, inclusive com o pagamento dos juros referente ao período em que a conta esteve a descoberto.
Não comece já a pensar:
“Mas o que é que isto tem a ver com a liderança das empresa e das equipas?”
Entrarei já de seguida na explicação.
Cada pessoa na sua equipa tem uma “conta bancária” associada à forma como a lidera.
E à semelhança do que acontece com a sua conta bancária, pode colocar lá capital ou retirar capital.
Neste caso estamos a falar de capital emocional. Se quiser, também lá pode colocar capital monetário, mas não é desse que hoje escolhemos falar.
No decorrer do processo de liderança, muitos líderes só se preocupam em retirar da “conta bancária” da pessoa ou da equipa.
Se formos a ver o rácio de “colocar” versus “retirar”, este está, na maioria dos casos, bastante desequilibrado.
Somos capazes de pedir, pedir e voltar a pedir, mas raramente recompensamos ou damos algo em troca.
Ora, o problema é que estamos a lidar com pessoas.
E digo problema, porque se estivéssemos a lidar com uma máquina provavelmente este problema não se colocaria.
A máquina tem os seus limites muito bem estabelecidos e não nos deixa passar dali.
As pessoas e as equipas, por outro lado, têm uma maior flexibilidade e muitas vezes o líder nem nota que já está consecutivamente a passar do limite há muito tempo.
Ora na liderança, à semelhança da “conta bancária”, as pessoas também têm uma zona de “descoberto bancário” e essa zona tem também o seu limite.
É certo que por vezes o limite é flexível, mas com o tempo tem tendência a decrescer, caso se esteja há demasiado tempo a trabalhar na zona de “descoberto”.
Da mesma forma, quando essa zona é preenchida, deveria sê-lo com juros e não somente como consideramos habitual.
Por isso, quando me pergunta como conseguir o melhor das pessoas que lideramos e como conseguir que elas estejam presentes de corpo e alma quando delas mais precisamos, utilizo esta ideia da conta bancária.
Pense na sua empresa ou na sua equipa, como é que habitualmente a lidera?
Será que está preocupado com que a “conta bancária” esteja equilibrada?
Quer alguns exemplos?
Conhece bem as pessoas que lidera?
Sabe, de facto, quem são?
O que gostam de fazer fora dali?
Procura promover tempo de qualidade em equipa que não tenha nada a ver com trabalho?
Procura que todos tenham a sua inclusão quando existem matérias que têm de ser discutidas em grupo?
Ou deixa que algumas pessoas se “escondam” por detrás de portáteis abertos e não digam nada, nem contribuam?
Recompensa publicamente o esforço individual ou da equipa quando ela procura “dar a milha extra”?
Estes são apenas alguns exemplos de “capital emocional” que poderá colocar na “conta bancária” das suas pessoas ou da sua equipa.
Quanto aos exemplos de “retirar”, penso que nem é necessário referi-los.
Todos nós temos na nossa memória distante, ou por vezes até presente, exemplos de líderes que passaram na nossa vida e que a sua única preocupação era retirar.
Esta semana pare ou pouco para pensar nisto.
“Será que a minha liderança tem um saldo positivo ou negativo na conta bancária da minha equipa?”
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