Há alturas na vida das empresas em que nos damos conta que ora fazemos tudo, ora não fazemos nada do que planeamos. A sensação é de que funcionamos “aos bochechos”, como que “aos soluços”…
E não é que a tática do susto também funciona? O problema é que, na maior parte das vezes, precisamos do susto para percebermos que os soluços estavam lá… E o preço a pagar é demasiado elevado!
Quando os resultados não chegam e as vendas baixam, rodopiamos a reunir com os comerciais, a acompanhá-los mais, insistimos na prospeção, reinventamos as soluções, criamos task-forces para este projeto ou para aquela iniciativa, seguimos cada cliente como se fosse o único, focalizamos as energias em duas ou três apostas fundamentais… a equipa anda mais motivada, os líderes mais orgulhosos e cheios de si, e os resultados aparecem!
Quando os resultados estão em linha, a pressão abranda, o sentido de urgência não está tão presente, a liderança torna-se menos focada ou menos assertiva porque as coisas até estão a rolar, menosprezamos a comunicação e… lá vêm eles por aí abaixo – os resultados caem!
E depois começa tudo outra vez…
Motivação aos soluços
A da Equipa e a nossa! Claro que a motivação proporcionada pela empresa a cada colaborador e por cada líder à sua equipa são fundamentais. Mas serão suficientes hoje em dia? Não será cada indivíduo responsável por se auto-motivar?
Quando reunimos, fazemos um evento de team-building ou uma reunião de Kick-off anual, logo após um jantar de Natal ou um almoço de equipa porque se ganhou aquele projeto fantástico, em regra, anda tudo numa animação, com a camisola mais do que vestida. Claro que sim, que estes momentos ajudam, mas jamais podem ser tudo.
Quando nas empresas nos dizem: “Fizemos aquela iniciativa no início do ano, mas, sabe como é, as pessoas esmorecem, e agora já precisávamos de fazer outra coisa qualquer”.
É daqueles que está à espera de uma injeção de motivação todas as semanas, de uma palmadinha nas costas todos os dias, que lhe passem a mão pelo pêlo, sempre que cumpre determinado objetivo?
Então e onde fica a quota-parte de motivação de cada um? O que se passa com a minha motivação intrínseca? O que é que eu valorizo, que objetivos profissionais ou pessoais persigo para me motivar? Quais as escolhas que posso fazer, como as valorizo e por que estou grato? E, já agora, o que faço para motivar os outros?
As empresas, hoje, não se podem dar ao luxo de ter as pessoas motivadas só de vez em quando, já pensou nisso?
Liderança aos soluços
Se um líder não estiver motivado, não consegue ser um bom líder, terá dificilmente a capacidade de inspirar ou contagiar alguém.
Se exigimos às equipas dedicação, compromisso e flexibilidade constantes, temos que estar preparados para comunicar, apoiar e delegar constantemente. Temos que estar presentes. É uma questão de congruência.
Se não queremos picos de produtividade (ou melhor, vales), também não nos podemos permitir estar lá só quando é preciso (leia-se, quando a coisa complica), senão o sucesso também se engasga… e muito!
E, como será de prever, a liderança soluça.
Não há líderes perfeitos, os líderes servem as equipas que têm e, se não servirem adequadamente, não são bons líderes. Não é fácil (nem expectável) liderar-se sempre de forma excecional, mas há um padrão que é determinante, e esse não pode acontecer só de vez em quando.
O líder não tem que funcionar em ilha, nem encontrar todas as respostas sozinho. E quando não tem uma visão clara do caminho, ou da melhor forma para lá chegar, há que consultar os seus pares, rodear-se de outros líderes, reforçar competências existentes, desenvolver outras… crescer continuadamente. A experiência ajuda, muito, mas não nos traz todas as respostas…
Resultados aos soluços
Quando a liderança perde o foco, já todos sabemos que é muito provável que aconteça o mesmo com a equipa. Também sabemos que são as pessoas na equipa que fazem os resultados e que não podemos deixar de chegar a elas, mesmo que não nos agrade o que temos para comunicar (ou que não tenhamos nada de diferente para dizer).
Se o maestro falha, a equipa desafina e os resultados não aparecem. Infelizmente, nestas circunstâncias o efeito dominó funciona bem demais…
Mas está nas nossas mãos parar os soluços! Antes do susto, que tal o típico sopro?
Temos o problema mais do que identificado, queremos fazer parte dele ou queremos fazer parte da solução?
A solução chama-se consistência, ter a máquina oleada sempre, trazendo coisas novas à agenda! Chama-se também disciplina, para planear, seguir e controlar de forma sistemática, sem deixar para amanhã, para a semana ou, pior ainda, para quando houver tempo. Esse, dessa forma, nunca chega. E chama-se ainda perseverança, porque as coisas não acontecem de um dia para o outro e, às vezes, só não acontecem porque desistimos cedo demais ou porque deixámos de acreditar…
E quando o sopro interno não for suficiente, dê um voto de confiança a quem o possa ajudar…
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