Uma das coisas que considero mais preciosas no domínio dos processos de liderança que tenho o prazer de implementar prende-se principalmente com a questão dos sistemas de monitorização e feedback.
Feedback?
Sim, feedback!
Eu sei que a maioria dos líderes não gosta deste processo, mas se não tem feedback por parte das pessoas da sua equipa, como é que sabe se está a liderar bem ou mal a sua equipa?
Muitas pessoas esquecem-se de que não estamos a lidar com máquinas.
Se fosse uma máquina, seria simples medir a eficácia. Bastaria analisar o output produzido pela mesma. No caso de seres humanos, o processo é um pouco mais complexo. Podemos até ter alguns indicadores de desempenho, mas se esses indicadores de desempenho não levam em linha de conta estes fatores, podemos estar a caminhar a passos largos para um abismo do qual dificilmente conseguiremos sair.
Num estudo recente sobre liderança realizado a nível mundial, chegou-se a uma conclusão interessante. Ao analisar junto de várias empresas as variáveis que contribuíam para que as pessoas se mantivessem na empresa, foram estudados fatores como condições salariais, benefícios, liderança, tipo de trabalho realizado, autonomia, etc.
Por incrível que pareça, fatores como liderança e tipo de trabalho realizado superavam largamente as condições salariais e benefícios.
Ou seja, a partir do momento em que as pessoas tinham um patamar salarial equilibrado, começavam a dar muito mais importância às outras questões ligadas ao seu emprego.
O que nos leva a pensar que podemos ter alguém na equipa que pensamos estar segura por causa do que ganha, mas que sem estarmos à espera recebe uma oferta de outra empresa e decide saltar.
Eu sei que isto pode acontecer a qualquer um, mas sabemos também, pelos estudos realizados, que acontece mais onde os processos de liderança falham e onde não há uma proximidade dos liderados que permita perceber a eficácia da liderança.
Agora pedir e dar feedback não é necessário que seja algo muito complicado.
A maioria das empresas não tem estrutura de departamento de recursos humanos que lhes permita levar a cabo análises 360 que possam trabalhar estas questões.
Então porque não instituir práticas simples, mas cujos resultados sejam os mesmos?
Nos nossos cursos de liderança nas empresas utilizamos um instrumento de trabalho simples, mas que permite resultados bastante interessantes.
Trata-se de um exercício de exposição dos diferentes elementos da equipa, incluindo o líder.
A ideia é que começando pelo líder, com uma questão como exemplo, se corra o círculo de pessoas dando feedback sobre a pessoa em causa.
Começando SEMPRE pelo que achamos positivo na pessoa, seguindo-se o que achamos que ela deve melhorar.
Este exercício tem duas vantagens.
A primeira prende-se com o facto de muitas vezes os diferentes elementos da equipa não terem a noção de até que ponto os seus colegas os respeitam e admiram.
A segunda tem precisamente a ver com a questão do feedback sobre os aspetos a melhorar.
Ao integrar o líder neste processo acabamos por conseguir isto mesmo num ambiente comum a toda a equipa.
No início este processo começa com alguma dificuldade, mas uma vez que as pessoas se começam a soltar, vai ver que os resultados serão no mínimo interessantes e que existirá muito material para trabalhar.
Esta semana pare um pouco para pensar e organize uma sessão de feedback da equipa!
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